A divina comedia. (o inferno).
A DIVINA COMEDIA de Dante Alighieri assim como o Quixote, a
Ilíada ou a Odisséia fazem parte de um acervo necessário que todo bom leitor
que queira entrar em contato com as grandes obras da historia precisa conhecer.
Tal vez o maior mérito do livro esteja na originalidade do
tema, na métrica de seus versos, na musicalidade ou na afirmação do dialeto toscano,
base da língua italiana, como passível
de possibilitar obras literárias - lembramos que até então às obras literárias
eram escritas só em latim.
Mérito também na própria anedota, nos mitos, nas imagens que
inspiraram tantos artistas e que povoaram a fantasia e a imaginação dos seus
intermináveis leitores.
A repercussão da obra é tanta que o significado da palavra
“dantesco”, por exemplo, ficou fixado há 700 anos, em todas as línguas, como
sinônimo de algo descomunal.
O inferno.
“Ó, vós que entrais , abandonai toda esperança” (frase da
entrada do inferno).
O próprio autor é o protagonista da sua obra, no inicio da
narração ele se perde numa floresta encontra uma saída, mas é impedido de
avançar numa montanha por três feras: um leopardo, um leão e uma loba.
Esta cena guarda toda uma simbologia: Domingos Van Erven
interpreta que a floresta obscura estaria associada com a ignorância, (o pecado);
a montanha a saída, o sol, a luz a ascensão espiritual e as feras: o leopardo, o
leão e a loba com a incontinência (falta de controle ante o impulso), a
violência e a fraude, forças que estariam impedindo a elevação.
Outros interpretes concordam com associar o leopardo com a
incontinência (também entendida como tentação), mas interpretam o leão e a loba como símbolos da soberba e da
inveja.
Ainda outros interpretam estas três feras com a luxúria, o
orgulho e a avareza. Dorothy Sayers
menciona que estas categorias do pecado estão relacionadas também com as três
etapas da vida: luxuria com juventude, vaidade com os anos médios e avareza com
a velhice.
A continuidade do enredo.
Prestes a desistir e voltar para a selva, Dante é
surpreendido pelo espírito de Virgílio - poeta da antiguidade que ele admira -
disposto a guiá-lo por um caminho alternativo (Virgílio foi chamado por
Beatriz, paixão da infância de Dante, que o viu em apuros e decidiu ajudá-lo).
A presença do Dante no texto representaria ao homem, o poeta
Virgilio, representaria à razão, e Beatriz a fé.

Os círculos.

Historias.
No segundo circulo do inferno Dante coloca também os
adúlteros, entre os que se encontram neste circulo temos os amantes Francisca e
Paolo.
É importante assinalar que Dante funda o mito de Francisca
com este relato e que esse mito inspirou muitos artistas ao longo da historia.
Francisca de Rimini
tinha uma paixão secreta pelo cunhado, eles costumavam passar as tardes
compartilhando leituras e cultivando um amor sublimado.
Um bom dia Francisca e Paolo estavam lendo a historia de Lancelot com a reina Ginevra (esposa do rei
Arthur) . No romance Lancelot também mantinha um amor segredo e proibido.
No livro a conselho de um amigo do casal chamado
Galeoto, Ginevra oferece a boca para ser
beijada - a leitura foi para Francisca e Paolo o que Galeoto foi para Ginevra e
Lancelot. Os amantes se aproximam e no momento crucial aparece o marido, os
surpreende e com sua espada mata os dois.
As historias e os mitos.

Até Ulises
aparece em um dos círculos do inferno, mas Dante muda o percurso da historia e
faz que o herói não volte aos braços de Penélope e sim avance no mar
desconhecido.
As artes se
inspiraram em Dante.
Dore, Bottichelli, William Blake e Dali foram alguns dos artistas que
retrataram a Divina Comedia . Na
escultura, a Divina Comedia inspirou Rodin, na música, Franz Liszt, dentre
outros.
Aqui um link para assistir as ilustrações de Botticelli.
Aqui um link para assistir as ilustrações de Botticelli.
Final.

no canto XXXI do inferno. v.68).
As imagens são por momentos aterradoras e parecem estar
querendo atemorizar aos pecadores com os tormentos descritos, torturas
são citadas com requintes de crueldade : lembramos a do boi siciliano, de
bronze, que parecia expressar sua dor aos mugidos. Tratava-se, na realidade, de
um instrumento de tortura que, sendo aquecido, assava a vítima dentro
dele, e seus gritos de
desespero davam tal impressão. Os feiticeiros e adivinhos (os áugures), sofreram
a punição de ter o rosto sempre voltado para as costas, obrigados por isso a
andar para trás.
As imagens sensoriais nos remetem (segundo Borges) aos
martírios pintados pelo Bosco no painel
dos infernos.
O chocante das imagens produziram rechaços históricos, tal
vez o mais conhecido seja o de Friedrich Nietzsche , ele falou que Dante
Alighieri foi: “Uma hiena que escreveu poesia nas tumbas”.
Deixo aqui esta resenha como uma motivação para novos
leitores se encorajem a mergulhar em esta obra incrível.
Finalmente deixo aqui um link para assistir o Borges comentado o livro de Dante.
https://youtu.be/AHBYA7-ldQc
e aqui outro para ouvir a Sinfonia de Frank Liszt.
https://youtu.be/lEK1ojgQ1-4
Finalmente deixo aqui um link para assistir o Borges comentado o livro de Dante.
https://youtu.be/AHBYA7-ldQc
e aqui outro para ouvir a Sinfonia de Frank Liszt.
https://youtu.be/lEK1ojgQ1-4
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