domingo, 17 de agosto de 2014

Julio Cortazar fala de Jazz e de Charlie Parker

El perseguidor
Julio Cortazar escreve esta obra magnifica quando , procurando por um personagem para uma nova historia, encontra na figura de Charlie Parker um protagonista ideal para seu conto.
O tema da loucura, da genialidade, da procura pela excelência se desdobram no texto.


O conto El perseguidor começa com duas frases ..uma delas extraída de um trecho da Bíblia..."seja fiel até a morte" ela é tirada do Apocalipses 2:10 e em extenso aparece...
"Não importa os sofrimentos, permanece fiel até a morte e eu te darei a vida"....isto esta do lado de outra frase que fala "me faz uma máscara" do poeta Dylan Thomas....a primeira frase podemos entender-la como mantém tuas convicções que a vida se abrirá pra ti ou só assim poderias encontrar o que realmente estas procurando....a segunda como ..estou no final, preciso ser outro ou fingir ser outro se não morrerei...Cortazar nos abre varias leituras já desde o inicio do conto para encaminhar a nossa interpretação...
O livro se estende por narrações dedicadas a retratar a vida do gênio, a sua incapacidade para lidar com a vida material e a sua procura incessante de algo superior no plano artístico... O relato termina depois de mais de 60 páginas com a morte do Parker e com a frase, agora dita pelo protagonista... "Me faz uma máscara".....frase tirada de um poema onde Dylan Thomas diz "...  Me faz uma máscara...me dá o rostro de um tonto  moldeado para escudar o cérebro brilhante..."
O conto  tem dois temas principais e um epílogo...o primeiro grande assunto é o tema do Tempo onde o autor diferencia o tempo cronológico e o tempo poético, ele coloca exemplos e evidencias para mostrar como existe um tempo do ontem, hoje e amanhã e outro onde entram muitas mais ideais, lembranças, imagens que é o tempo do "outro lado"....O segundo tema é o tema da busca da realização artística, da angustia de se saber aquém de algo que se intui superior ou absoluto . No final da obra aparece um ultimo tema que é o da procura de uma máscara... isto me remete a um outro livro...Scott Fitzgerald no seu livro Crack-Up (publicado em 1945) narra a sua própria desintegração...se trata de um relato-ensaio onde ele faz uma revisão de se mesmo e das causas que provocaram sua queda. A primeira frase diz tudo: "Toda vida é um processo de demolição". Embora possa parecer algo negativo ou algo relacionado com o fracasso, entendo isto como o processo de destruir nossas máscaras...a máscara do Ego, a máscara social...no conto  o Cortazar finaliza o relato colocando na cena ao protagonista na hora da sua morte, pedindo "me faz uma máscara"...como que todas as aparências foram caindo , todas as forças terminaram nessa tentativa de querer alcançar um =Ser verdadeiro= e a vida assim é entendida como um processo de demolição de nossas forças de tentar chegar ao outro lado da margem...a máscara assim é vista como um salva-vidas, como um pedaço de tronco do qual nos aferramos em alta mar...