quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012


O espelho (Conto de Papéis Avulsos), de Machado de Assis...ainda tem The Flash & Jorge Luis Borges.

Machado de Assis escreveu uma espécie de "teses filosófica" dramatizada num conto formidável e bem humorado.


Inicie-me na literatura com os livros da coleção Robin Hood, com A historia do homem primitivo, Pinochio,  A ilha do Tesouro de Stevenson; com os contos de Tom Sawyer de Mark Twain


Estes relatos com a suas narrações fantásticas povoaram a minha imaginação infantil...
Mais tarde entre os meus colegas começou uma verdadeira febre por ler e colecionar gibis de super- heróis, revistas em quadrinhos editadas pela DC comics, estas incluíam aventuras de Superman, Batman, Flash.....justamente este ultimo, por momentos, era escrito por roteristas primorosos. Lembro de uma historia que, de algum modo, nos remete ao conto do Machado de Assis:
Resulta que Flash, com seu poder de super velocidade, tinha conseguido salvar o ursinho de uma menina  no momento que  o brinquedo estava caindo num
despenhadeiro, ele o resgatou do abismo são e salvo e o entregou nas mãos da criança. Ela  agradecida e prometeu que ele nunca sairia da sua memória.

 Um tempo depois um arqui-enemigo do Flash soltou um feitiço pelo qual todas as pessoas esqueceriam do super-heroi e com isso teria inicio o seu enfraquecimento e em conseqüência a sua  morte.
Flash a partir de então começou a sentir que ninguém olhava pra ele e que a profecia se estava cumprindo.
Desolado vagou por toda a cidade passando, literalmente, desapercebido e em conseqüência,cada vez mais, debilitado começou a adoecer.
Quando de repente se lembrou daquela menina e de seu juramento de gratidão....foi a seu encontro e ela imediatamente o reconheceu devolvendo a sua força impedindo, de este modo, que seu arquiinimigo pudesse vence-lo.     

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A  idéia do conto "O Espelho" toca justamente neste ponto. O Espelho é a  proba da força que a imagem externa tem para o Homem, a alegoria do Espelho reflete como o Homem é refém do reconhecimento alheio, da percepção que os outros tem dele. O Espelho mostra como ele se
segura também em objetos, propriedades ou símbolos de poder  e em conseqüência  como ele se deixa construir e se afirmar de fora de si mesmo..

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O Conto em questão.

 Machado de Assis ironizando o "pensamento" cristão sobre a existência da alma humana, formula a teses que o homem tem duas almas, uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro, em outras palavras: uma "interna", a alma espiritual e outra "alma externa" que se alimenta de  nossas imagens,  da representação que os outros tem da gente, ou de algum conteúdo externo que seja importante de forma vital e definitiva; ele cita, a forma de exemplo, a fala de um personagem do "Mercader de Veneza" do Shakespeare na qual o Judeo Shylock afirma que a perda do seus ducados equivalia a morrer.



   Jacobina, é o nome do narrador, define que há casos em que essa mesma alma exterior pode se perder, o que implica para o indivíduo em perder metade de sua existência, Jacobina conta uma história para provar sua teoria, conta um caso ocorrido em sua juventude que lhe serviu de atestado para a veracidade de sua teorização posterior.


Depois de uma infância pobre, Jacobina conta que foi nomeado alferes da Guarda Nacional e que tal fato desencadeou reações de enorme proporção, tanto pela sua família quanto para os demais cidadãos. Quando foi passar algum tempo com sua tia, esta lhe cobriu de regalias como prova de seu orgulho perante a patente conquistada pelo sobrinho. No início, Jacobina relutava contra os bons tratos da tia e o privilégio de assistência que lhe cerceavam todos na casa; belo dia a dona da casa trouxe para seu quarto um grande espelho, muito belo proveniente da Família Real Portuguesa.

Desse modo, a percepção que Jacobina passou a ter de si mesmo foi elaborada por aqueles exteriores ate ele terminar acreditando nessa ficção como quando  coloca a famosa frase: “O alferes eliminou o homem".
Posteriormente, tendo a tia saído em viagem o alferes decide fitar o espelho  e logo se depara com o reflexo de uma imagem difusa, corrompida. O vidro, cuja função é tão-somente a reflexão de um objeto em sua porção exterior, exibiu o quanto a identidade de Jacobina estava danificada em razão da ausência dos outros. A falta de reconhecimento de si mesmo diante do espelho levou o personagem a negar aquela imagem em busca de uma forma para enxergar a si mesmo com nitidez. Surge-lhe, então, a idéia de se vestir com a farda de alferes: desta vez pôde ver com clareza os contornos, as formas e os detalhes como nunca. Permaneceu se admirando com júbilo todos os dias restantes buscando evitar a solidão e a idéia
de se ver distante de sua patente,recuperando, enfim, sua alma exterior que preenchia sua alma verdadeira. 


Final
A propósito de este assunto
Jorge Luis Borges falava 


Al otro, a Borges, es a quien le ocurren las cosas. Yo camino por Buenos Aires y me demoro, acaso ya mecánicamente, para mirar el arco de un zaguán y la puerta cancel; de Borges tengo noticias por el correo y veo su nombre en una terna de profesores o en un diccionario biográfico. Me gustan los relojes de arena, los mapas, la tipografía del siglo XVII, las etimologías, el sabor del café y la prosa de Stevenson; el otro comparte esas preferencias, pero de un modo vanidoso

que las convierte en atributos de un actor. Sería exagerado afirmar que nuestra relación es hostil; yo vivo, yo me dejo vivir para que Borges pueda tramar su literatura y esa literatura me justifica. Nada me cuesta confesar que ha logrado ciertas páginas válidas, pero esas páginas no me pueden salvar, quizá porque lo bueno ya no es de nadie, ni siquiera del otro, sino del lenguaje o la tradición. Por lo demás, yo estoy destinado a perderme, definitivamente, y sólo algún instante de mí podrá sobrevivir en el otro. Poco a poco voy cediéndole todo, aunque me consta su perversa costumbre de falsear y magnificar. Spinoza entendió que todas las cosas quieren perseverar en su ser; la piedra eternamente quiere ser piedra y el tigre un tigre. Yo he de quedar en Borges, no en mí (si es que alguien soy), pero me reconozco menos en sus libros que en muchos otros o que en el laborioso rasgueo de una guitarra. Hace años yo traté de librarme de él y pasé de las mitologías del arrabal a los juegos con el tiempo y con lo infinito, pero esos juegos son de Borges ahora y tendré que idear otras cosas. Así mi vida es una fuga y todo lo pierdo y todo es del olvido, o del otro.
No sé cuál de los dos escribe esta página.

 





























quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Eça de Queirós

Eça de Queirós
A cidade e a  Serra
A civilização é apenas um monte de entulho.



O grande escritor português (século XIX) com ironia e bom humor nos apresenta um personagem
esquisito. Um príncipe, entediado e melancólico que se rodeia de livros que não vai ler , de aparelhos "modernos" que servem para muito pouco e de um mundo de aparências que o conduze ao desinteresse pela existência.
 Jacinto, é o seu nome, ele some nessa batalha desesperada pela fama, pelo poder ou pelo gozo!Ele mora numa cidade na qual  milhões de seres caprichosos  padecem da mesma desilusão, desesperança ou derrota, uma cidade onde os modismos mandam nas mentes!. Mas o que a Cidade mais deteriora no homem, diz o autor, é a Inteligência, porque ou lha arregimenta dentro da banalidade ou lha empurra para a extravagância.
Jacinto ri do Deus Cristão e o substitui pela civilização, num trecho ele diz:
"Um cão lambendo a mão do dono, de quem lhe vem o osso ou o chicote, já constitui toscamente
um devoto, o consciente devoto, prostrado em rezas ante o  Deus que distribui o  Céu ou o Inferno!... Mas o telefone! O fonógrafo!”.
Ainda sobre o tema do Cristianismo ele faz uma referência explícita à Bíblia, ridicularizada como produto de uma cultura judaica-materialista, quando o narrador tenta convencer o seu Príncipe da realidade concreta do trabalho do campo e diz -: "Olha o que diz a Bíblia! «Trabalharás a terra com o suor do teu rosto!» E o príncipe responde:: dever:ia dizer:- «Contemplarás a  terra com o enlevo da tua imaginação!»".
 Durante o percurso do livro o principie tentando fugir do seu tédio visita umas propriedades familiares na Serra , no interior de Portugal,  leva um choque com a beleza, com o vigor, com a vida do lugar e decide se afincar definitivamente.
O principie passa por toda uma transformação descobre a natureza, o amor e a consciência social.
O próprio Eça relata o se propósito "socialista" e de critica social quando escreve na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro em 23 de Abril de 1895 («Enganados pela ciência, embrulhados nas subtilezas balofas
da economia política, maravilhados como crianças pelas habilidades da mecânica, durante setenta anos construímos freneticamente vapores, caminhos de ferro, máquinas, fábricas, telégrafos, uma imensa
ferramentagem, imaginando que por ela realizaríamos a felicidade definitiva dos homens e mal antevendo que aos nossos pés e por motivo mesmo dessa nova civilização utilitária se estava criando uma massa
imensa de miséria humana, e que, com cada pedaço de ferro que fundíamos e capitalizávamos, íamos criar mais um pobre!»).
Para finalizar penso que Eça de Queiroz se realiza poéticamente quando descreve a Serra com a suas paisagens bucólicas e é na Serra onde ate descobre seu lado "místico", um Deus que se funde com a Natureza.
Eça realiza seu projeto de ridicularizar o progresso técnico, embora o seu alcance efetivo diga
antes respeito à ociosidade endinheirada e ao conceito de civilização como «entulho».



terça-feira, 17 de janeiro de 2012


Edgar Allan Poe
A mediados do século XIX Edgar Allan Poe tentava sobreviver nos Estados Unidos, como descreve Baudelaire na introdução da suas obras completas, da sua vocação artística e de seu amor insaciável pelo Belo.
O seu poema mais famoso “O Corvo” foi traduzido por Fernando Pessoa, só para nomear um dos seus admiradores.
Cortazar confessa ter traduzido Poe para aprender literatura.
Poe é descendente da tradição da literatura clássica, de nomes como homero, Milton, Jonathan Swift (autor das viagens de Gulliver) e sobe gravitar em autores como Jorge Luis Borges e Machado de Assis só para nomear alguns dos mais conhecidos.
Ele não escreve como um americano, escreve como um artista, por momentos parece um francês, um inglês ou apenas um habitante do mundo.
No ensaio intitulado “Filosofia da composição” ele se propõe falar sobre a criação e nele podemos encontrar elementos que desmistificam o fazer artístico como algo produzido por um frenesi mágico, ao contrario, ele expõe que os seus verdadeiros propósitos só são alcançados depois de cautelosas seleções e rejeições.

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Tinha lido sua obra á alguns anos e agora me propus voltar a ele .
A parte mais conhecida ..seus contos policiais, têm o valor do inaugural, ele realmente colocou o conto policial na altura de uma obra de arte e foi o antecedente mais claro de personagens como Sherlok Holmes e autores como Agatha Christie. Sua obra de terror é realmente uma seqüência de mórbidos relatos que chegam a produzir verdadeiros pesadelos apenas ao lembrar as cenas macabras que ele descreve, como no final do conto “Berenice” onde o protagonista arranca os dentes do cadáver de sua amada para lembrar eternamente do seu sorriso.
Os contos poéticos são realmente o louvor à sensibilidade e a Beleza como um todo, são cinco contos reunidos baixo o titulo de “impressões paisagísticas”.
Queria lembrar , também, de algumas historias fantásticas onde Poe evidencia o seu conhecimento marítimo e a sua queda pelo relato de aventuras fabulosas, a narrativa de “Artur Gordon Fym”, por exemplo nos lembram o Simbad das “mil e uma noites”.
Contos fantásticos que antecedem ao Julio Verne onde mistura humor e um relato pormenorizado de um alucinado que inventa uma historia na qual ele foi a lua e voltou publicado com o nome da “balela do Balão”.
Mais queria e mesmo me reter numa faceta mais silenciada ou menos divulgada do Poe: “Os contos humorísticos” que penso, são verdadeiras jóias da ironia, do sarcasmo, do absurdo e da inteligência humana.
Posso falar de vários, “como escrever um artigo á moda Blackwood” onde uma mulher “ingênua” que quer entrar para o mundo dos holofotes, busca conselhos de um suposto literato para publicar em revistas de impacto. Ele lê sugeri toda uma seria de baboseiras entre as quais podemos destacar: fazer citações e presumir erudição, impressionar, etc... e depois, a protagonista, escreve o artigo seguindo as indicações do mestre e o publica, o que resulta, uma verdadeira zombaria ao mundo das editoras e do “fácil fazer”.
Outro: “O sistema do Dr. Abreu e do Professor Pena” onde ele ri dos métodos psicológicos que permitiriam aos loucos fazer o que bem entenderem.
Por último uma verdadeira jóia “Xizando um artigo” (tal vez um precedente do universo do Garcia Márquez) que conta a historia de um lugar singelo qualquer, onde existe, no meio daquela pasmaria, uma Gazeta que publica as “novidades” de aquele lugar perdido no mundo, sem que ninguém se importe com aquilo. Ate o dia em que chega um outro editor no povoado com espírito provocador, incendiário e inaugura um novo jornal chamado “Bule de chã” e a partir disto se produz toda uma serie de afrontas entre as duas publicações.
Uma acusando a outra de “gênio” e a outra (a Gazeta) de pomposo e de se utilizar muito de frases de efeito.. fala: -Não acreditamos que esse vagabundo não consiga escrever uma palavra sem a letra “O”, Oh sim.. Oh... compreendemos...
Os insultos se seguiram ate que o dono do jornal “Bule de chã” partiu para o tudo o nada e escreveu uma editorial derradeira chamando ao outro de porco, bobo, velhote, etc.
Mais quando o tipógrafo foram a compor o manuscrito para sua impressão sentiram falta da letra “O” entre as letras da impressora e ate suspeitaram que um dos empregados do jornal a Gazeta poderia estar por trás deste sumiço.
Ai o empregado da gráfica pensou: nenhuma pessoa neste lugar se importa com o que se publica neste jornal, vou trocar o “O” pero “X” e ninguém vai sentir sua falta.
O artigo saiu publicado de modo que não se entendeu nada: - pxcx,bxbx,velhxte....
As pessoas de aquele povoado tão acanhado pensaram que tinham na sua fronte um artigo místico e cabalístico e que alguma traição diabólica ele escondia.
Decidiram queimar a sede do “Bule de Chã” mais ninguém foi encontrado foram então a descarregar sua fúria contra a o responsável pela Gazeta mais também nada foi feito.
A cidadezinha, por fim, voltou ao normal.





terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Existe uma linha ou um acordo ou algo em comum entre todas as artes
A musica, a literatura, as artes plásticas..aqui vai o exemplo de
como Paul Klee pode expressar com sua arte belas imagens que podem inspirar
melodias, poemas o emoções...