terça-feira, 29 de novembro de 2016

Novas historias do Tango



Como dois estranhos.....
Uma historia do mundo do Tango (recriação de uma historia real narrada por Adrian Miguez )
O cabaré Marabú nasceu em Buenos Aires em 1935, aí tocavam as orquestras de Di Sarli , D´Agostino e no Marabú foi onde Troilo debutou com sua orquestra em 1937 , era uma época que fervilhava a noite portenha com casas onde se respirava música:Tabarís, Casanova, Chantecler, Amenoville eram boates onde tocavam orquestras de jazz, de música tropical e de tango.
O ambiente de dança e sedução produziu varias historias uma das mais famosas a conheci há pouco tempo... uma das mulheres que trabalhavam de “acompanhante” na noite fez amizade com um dos garçons do Marabú, os dois tinham nascido em Córdoba (cidade distante de Buenos Aires).
Apaixonaram-se e decidiram trabalhar mais algum tempo e voltar a sua cidade natal, o romance transmitia alegria para todos os companheiros da casa, desde o porteiro até os músicos até que uma noite chega um homem e do nada começou a bater na moça, tentaram afastar, mas ele estava possesso, a insultava e a golpeava sem piedade nem remorso, o noivo foi defender sua amada até que o tumulto fez a orquestra parar, se criou um silencio, as pessoas rodearam ao agressor ..Este com uma mão segurava a moça do cabelo com a outra levantou um papel que tinha tirado do bolso e com voz entre cortada falou: "esta é a certidão de nosso casamento" , o silencio da moça foi condescendente , os dois saíram e o namorado ficou desconsolado e imóvel.
Passaram dois anos, e o noivo sem poder esquecê-la foi procurar-la até que finalmente a encontrou trabalhando em um armazém em um subúrbio de Córdoba.
Apenas conseguiu reconhecer-la, não parecia mais a mesma voltou o jovem a Buenos Aires aturdido sem consolo nem perdão.
A historia ficou famosa e inspirou ao poeta José María Contursi, que junto a Pedro Láurenz compus o tango “ Como Dos Extraños” , sua estréia foi o 28 de junho de 1940,
Aqui sua letra e sua música na voz de Goyeneche
Como dos Extraños.
Me acobardó la soledad
y el miedo enorme de morir lejos de ti...
¡Qué ganas tuve de llorar
sintiendo junto a mí
la burla de la realidad!
Y el corazón me suplicó
que te buscara y que le diera tu querer...
Me lo pedía el corazón
y entonces te busqué
creyéndote mi salvación...
Y ahora que estoy frente a ti
parecemos, ya ves, dos extraños...
Lección que por fin aprendí:
¡cómo cambian las cosas los años!
Angustia de saber muertas ya
la ilusión y la fe...
Perdón si me ves lagrimear...
¡Los recuerdos me han hecho mal!
Palideció la luz del sol
al escucharte fríamente conversar...
Fue tan distinto nuestro amor
y duele comprobar
que todo, todo terminó.
¡Qué gran error volverte a ver
para llevarme destrozado el corazón!
Son mil fantasmas, al volver
burlándose de mí,
las horas de ese muerto ayer...