Shakespeare.
O conteúdo de este artigo descreve a peça de teatro “Conto
de inverno” de William Shakespeare, ao mesmo tempo em que se propõe aproximar as pessoas ,sem
habito de leitura, na experiência de autores da literatura clássica.
O intuito é de tentar desfazer qualquer distancia que possa
inibir a aproximação com a Arte Maior, com a possibilidade de ler um livro de
um autor clássico, por exemplo, por entender que para essa tarefa se precisaria
de uma preparação superior, quase sempre tida como inalcançável.
Pensemos que a apreciação artística pode ser feita por
pessoas com algum grau de sensibilidade sejam elas educadas formalmente ou sejam
pessoas
mais ingênuas; o principal que se requer para contemplar seria ter uma
atitude aberta e uma boa disposição; na
realidade até crianças podem apreciar a arte, embora que esta percepção se dei de um modo
instintivo, se a pessoa não e superficial , se ela consegue lidar com a obra no
seu sentido essencial um olhar
verdadeiro pode revelar a beleza da obra.
O acessível do conto.
É preciso colocar que o Shakespeare é um autor popular,
inteligente, bem humorado, poético, falo isso porque existe sobre ele uma
espécie de aureola de gênio que ajuda a criar uma espécie de coibição que por um lado causa um fascínio mas que ao
mesmo tempo acaba produzindo uma distancia infranqueável com o leitor em potencial.
Shakespeare ao longo da sua obra toca em assuntos bem
vitais: o ciúme (em Otelo e nos Contos de inverno), a traição (em Hamlet), a
avareza humana (no Mercador de Veneza), o capricho feminino (na Megera
Indomável), o amor e a morte (em Romeu e Julieta).
Como vemos são temas que fazem parte de situações humanas completamente
corriqueiras que a todos nos toca viver, assim que desde a perspectiva do tema que
ele aborda podemos afirmar que o autor fala sobre assuntos bem acessíveis.
Ele é um autor que ao mesmo tempo que escreve idéias
originais, por momentos recria relatos da tradição literária, temas que fazem parte da historia e que os podemos
rastrear nos Contos das mil e uma Noites, no Decamerão de Boccaccio, assuntos recorrentes da mitologia e de fatos históricos
da linhagem grega e romana; então, ao mesmo tempo em que ele descreve situações humanas compreensíveis, ele atualiza lendas ou relatos da tradição
assim que isto também colabora para afirmar que a matéria da sua literatura é
simples no sentido que se trata de temas
extraídos de fabulas da memória social.
O limite.
O estilo que ele escolhe pode ser um empecilho no sentido
que pode ser interpretado como retórico ou pouco espontâneo para os dias de
hoje, porque, venhamos e convenhamos, ninguém fala ou escreve mais como se falava ou
se escrevia na Inglaterra nos anos de 1600, escolho uma fala ao azar para
exemplificar a questão: ”Claro, é o que farei
vós me ajudareis a metê-lo dentro da terra”.
Claro que hoje esta fala se escreveria de outro modo, mas se
o leitor conseguir aceitar o estilo depois algumas paginas em contato com a
narração, o modo narrativo passa a ser acolhido
como natural .
Outro obstáculo pode ser a quantidade de personagens usados
no conto, 21 em total o que realmente dificulta a reconstrução visual da cena
descrita no relato.
Sugiro que para poder guardar na memória os nomes e o papel
que desenvolvem na trama pode se recorrer a anotações complementares ou a fixar
alguns nomes claves, por exemplo, seria bom identificar os seis personagens
centrais , conservar-los na memória para
se situar no percurso do argumento:
guardar o nome do Rei da Sicília, Leontes e o da Rainha Herminone casada com ele e acusada de
infidelidade, de Camilo amigo e
mordomo de Leontes, de Polixenes ,
amigo de Leontes rei da Boêmia , acusado de ter um caso com Herminone,Perdita , filha abandonada por Leontes
e seu namorado o filho de Polixenes,Florisel
, e o da Paulina empregada do Leontes e amiga pessoal de
sua esposa Herminone.
Tipos de leitura.
Mais um comentário: quando nos deparamos com um grande
escritor ele, seguramente, permite dois tipos de leitura, uma um pouco mais
superficial onde o enredo aparece como centro narrativo y também comporta uma leitura mais detalhada
onde podemos apreciar imagens ou citações que
aparecem nas entrelinhas, por
exemplo tomamos um trecho do final do livro, parte da fala da Perdita para seu
namorado, quando ela estava procurando fazer um buque de flores para ele e
ainda não tinha encontrado as que elas desejava...”Ó Proserpina, onde estão
agora as flores que em teu pavor deixaste cair do carro do Plutão? ...As
violetas escuras, porém mais deliciosas de que as pálpebras de Juno ou o alento
de Citera!As pálidas primaveras que morrem virgens , antes que hajam podido
contemplar o brilhante Febo em toda sua força: é um mal ao qual estão muito
sujeitas as donzelas!....”
Dentro do contexto da narração aqui nos encontramos com uma
declaração onde a personagem Perdita procura juntar algumas flores para seu
namorado, agora como estamos na frente de uma literatura maior, ela apresenta
imagens e referencias em uma opulência sinfônica; cabe ao leitor tentar se
adentrar nos símbolos e nas representações envolvidas no drama...Aqui por
exemplo temos a citação de Proserpina
que deixou cair as flores do carro do Plutão, se trata do mito de Proserpina ,
ela (dentro da mitologia) era uma ninfa filha de Jupiter (Pai de todos os
Deuses) e de Ceres (deusa da fecundidade e das colheitas).
Aqui o mito ao que faz referencia o texto: Plutão (Deus dos
mortos) se apaixonou por Proserpina, olho pra ela e em quanto ela estava
colhendo flores ele a raptou ; a imagem citada por Shakespeare alude a hora
do arrebatamento de Proserpina imaginando que ela teria deixar caído flores
do carro do seu algoz.
Continua com a frase citando a Juno (Deusa do matrimonio) dizendo que tinha as pálpebras mas deliciosas
que a Deusa ou o alento de Citera (um dos nomes de Afrodite- Deusa da
beleza).Termina a frase citando a Febo (o sol) .
A passagem toda
dentro deste contexto ganha outra
dimensão. No total vemos que ao
conhecermos todos estes elementos e símbolos a leitura da cena se realiza em
toda sua beleza.
Dicas de leitura.
Não temos nenhuma presa, este tipo de atividade não tem
porque ser feita com velocidade, por isso convém ter uma leitura inicial,
seguramente orientada pelas primeiras impressões e pela curiosidade do
desenlace do argumento e uma segunda leitura muito mais pausada para realmente poder ir detectando as perolas que fazem parte da
beleza narrativa fora o que chamamos da historia.
A obra em si: Contos
de inverno.
Resumem.
Os elementos dramáticos que alimentam a narração são basicamente
as conseqüências produzidas pelos sentimentos de ciúmes doentios do
protagonista, o Rei provoca com isso, dentro da trama, a destruição da sua
família e todo o desenlace se desenvolve no sentido de reparar o dano produzido
pela violência inicial, a queda se transforma em final feliz.
A obra se divide em duas partes: na primeira o Rei acusa a
sua esposa de infidelidade e rechaça sua filha por entender que ela é produto
de uma relação extraconjugal. Na segunda parte (que ocorre 16 anos depois) ele
percebe sua postura infundada, sua filha retorna ao lar, e com
este fato e mais a volta da sua esposa se re-estabelece a harmonia na família
real.
O estilo.
A primeira impressão que nos chega quando lemos Shakespeare
é a que nos deixa sua inteligência e a sua polidez, sua naturalidade e a
distinção (dois valores que o Proust admirava).
Aqui mostro duas
reflexões suas , para poder analisar a
textura do relato,os dois primeiros exemplos falando sobre o mundo feminino com
humor e o terceiro , um pensamento, na
ocasião acusando a um mordomo de não tomar partido, de ficar encima do muro em
relação a uma determinada situação:
“Se o desespero atacasse todos aqueles que possuem esposas
revoltadas, a décima parte da Humanidade teria que enforcar-se”.
O Rei manda um dos seus empregados a fazer sua mulher calar
a boca e ele responde: “Enforcai todos
os maridos que são incapazes de impor silencio às suas mulheres que os sobrara
um só súbdito”.
O seu mordomo não toma partido em uma situação e o Rei comenta:
”Não passas de um
contemporizador, que vendo com seus olhos ao mesmo tempo o
bem e o mal, inclina-se em direção de ambos”.
Outro recurso de estilo que utiliza o autor é o de poetizar
o pulo no tempo. No Ato lV Shakespeare dá um salto narrativo de 16 anos e para
introduzir esta transposição cria uma narração, nos moldes do Coro do teatro grego,
o Tempo personificado fala do seguinte modo: “Eu que agrado a alguns, que ponho
todos a prova, que sou ao mesmo tempo a alegria e o terror dos bons e dois
maus, que faço e desfaço o erro, convém-me
agora em minha qualidade de Tempo, usar minhas asas”.
Ele poderia apenas colocar um frase indicando a passagem dos
anos mais recriou a toda uma frase poética para descrever o que dito de outro
modo seria apenas algo meramente indicador.
Mais uma perola uma reflexão da Rainha ao ser acusada pelo
Rei: ”Em quanto à traição, não lhe conheço o sabor, embora me seja servida como
um prato a que deva provar.”
Situação onde se desenvolve
a cena.
Embora para a trama seja irrelevante, a cena ocorre entre os reinos de Sicilia, ilha
do sul de Itália, e Boêmia, na atual República Checa, a que se atribui erroneamente
ter costa (detalhe que já aparece em Pandosto obra da qual mais tarde falaremos).
O tema do mágico no
Conto.
No conto acontecem muitas coisas da ordem do fantástico, em
determinado momento, por exemplo, o Rei recorre ao Oráculo de Delfos para
dirimir o fato central da peça que era o
de conhecer se suas acusações de traição contra sua esposa, a Rainha, tinham
fundamento.
O oráculo respondeu que ela era inocente e isto foi um dos
argumentos para que ele sossegasse na sua obsessão doentia.
A resposta do oráculo foi a seguinte: “Hermione é casta;
Polixenes inocente; Camilo um súbdito leal; Leontes um tirano ciumento; sua
inocente criança, concebida legitimamente; e o rei viverá sem herdeiro, se o
que esta perdido na for encontrado”.
Consultar ao oráculo era uma tradição entre os povos da
antiguidade, se acreditava que em Delfos (uma ilha grega ) existiam sacerdotes
que invocavam ao Deus Apolo e que poderiam predisser o futuro ou esclarecer com
autoridade qualquer tipo de pleito, o oráculo de Delfos foi considerado como um
centro religioso no mundo helênico.
Em outro momento do conto um personagem sofre um sonho
premonitório e o sonho se cumpre,isto ocorre quando dois empregados do Rei
estão levando á criança para ser abandonada em nas costas de um pais vizinho, a
noite anterior o personagem sonha com a mãe da criança que diz pra ele, que por
estar cometendo este desígnio nunca mais voltara a ver a sua esposa e sugere
que coloque o nome de Perdita na criança que será abandonada.
Após esta cena ,
quando o empregado do Rei abandona a criança um urso o mata e o mar engole o
barco onde tinha o outro empregado ao qual tinham encomendado a fatídica missão
, os dois fatos curiosos são a
existência de um urso por aqueles territórios (não existem ursos perto da
Itália) e o segundo que na narração o mar é descrito como capaz de tomar uma
decisão, a natureza viva, no caso, se
vinga do ocorrido.
Outra situação fantástica se poderia considerar o caso de
que um urso come a um dos mensageiros que abandonam a criança, os ursos
europeus não são carnívoros.
O fato mais mágico da narração porem acontece quando no
final do Conto de Inverno a Rainha petrificada em uma estatua cobra vida, vamos
a falar mais tarde sobre este caso quando falemos dos mitos presentes no livro.
Desdobramento.
Lendo “Contos de Inverno” me deparo em um determinado
momento, com a menção do Giuliano Romano, justamente na cena que se encontra a
estatua da Rainha e esta cobra vida; procuro saber quem ele é e descubro a um
pintor formidável que entre outras obras que realizou ilustrou poemas eróticos
do Pietro Aretino na Veneza de fines do
ano de 1400...
Quando
acontecem estes “desvios” sinto como se a gente esta em uma viagem e começa a
descobrir novos caminhos a partir de que vai se deparando com novos horizontes..aqui
um poema do Pietro Aretino:- "Amemo-nos
sem taça nem medida uma vez que para amar nascemos, adora meu pássaro qual eu
teu ninho pois sem eles ¿valeria algo a vida?
E se embora logo sem eles fosse possível amar,
Bem querido, ao berros pediria, oh Bem perdido para seguir gozando ainda. Gozemos qual o fez regiamente o primeiro casal de mortais bem aconselhados pela serpente.
Que nos perderam por amar, diz a blasfêmia , são ditos tais que só a quem não ama satisfaze. -Mas cala e ama também, ¡castigo!
Cala e me enfia até as bandeiras os juízes e os testemunhas do amor "
E se embora logo sem eles fosse possível amar,
Bem querido, ao berros pediria, oh Bem perdido para seguir gozando ainda. Gozemos qual o fez regiamente o primeiro casal de mortais bem aconselhados pela serpente.
Que nos perderam por amar, diz a blasfêmia , são ditos tais que só a quem não ama satisfaze. -Mas cala e ama também, ¡castigo!
Cala e me enfia até as bandeiras os juízes e os testemunhas do amor "
A presença dos mitos.
Todo o tempo no texto aparecem pedidos ou chamados
do tipo:” Que Júpiter não o
permita”, ou: “A cólera de Apolo”...
Todo escritor conhece ou é seduzido pelas historias narradas
nos mitos, eles são lendas reais ou criadas que povoam a imaginação dos povos
desde a antiguidade.
O autor menciona o mito bíblico de Adan e Eva quando fala no
primeiro ato sobre o amor.
Cita o Basilisco, comenta, em determinado momento que uma das personagens não tem olhar de Basilisco, o mito fala sobre
um ser que mata com a mirada.
Um das figuras dramáticas que aparece no IV ato é o
Autólico, figura que leva o nome de um personagem da mitologia Greco-romana , sinônimo do
ladrão e embusteiro, no conto , filho de Mercúrio (Deus Hermes na tradição
grega), ele se faz passar por outro, se
apresenta como um inocente que teria sido roubado (culpa a ele mesmo-
Tautólico) e na sua própria descrição cita entre os ofícios que teria realizado
o de manipulador de marionetes representando a “parábola do filho prodigo”, assim
podemos observar, alem do próprio personagem a presença da lenda bíblica do
evangelho de São Lucas.
Mais um exemplo da presença dos mitos no relato ocorre
quando o príncipe quer justificar para Perdita que ele poderia passar a ser um simples pastor:”Os próprios deuses.
Humilhando a própria divindade diante do amor, tomaram a forma de animais.
Jupiter se transformou em touro e mugiu, o verde Netuno, carneiro e baliu; e o
deus dos trajes de fogo, o dourado Apolo, tornou-se um simples pastor, como eu
apareço agora”.
Aqui o Shakespeare menciona o
mito da fundação de Europa quando Jupiter se metamorfoseia em touro para raptar
a Helena e, em relação ao mito do Netuno e Apolo que desafiaram ao seu pai e
foram condenados a serem carneiro e pastor respectivamente posso comentar que
não encontrei referencias nas fontes das
transformação de Netuno, sim do Apolo que foi condenado a viver entre os
mortais como pastor, no caso de Netuno na procura da autenticidade da descrição
do Shakespeare me deparei com outras
historia.
Busquei, fui atrás do mito dele e encontro uma historia de amor e uma serie
de pinturas magníficas inspiradas na relação dele com Anfitrite,aqui o
resultado, a historia: Um dia Netuno viu a ninfa aquática Anfitrite dançando na
ilha de Naxos e se apaixonou por ela. Rapidamente lê pediu que casasse com ele, mas ela se negou. Sem se
desanimar pelo rechaço de Anfitrite, Netuno enviou um do seus criados, um
golfinho para a buscar-la. Como recompensa por encontrar-la e regressar com
Anfitrite, Netuno imortalizou ao golfinho e o colocou no céu em forma de
constelação.
Não sei avaliar como Shakespeare colocou a Netuno metamorfoseado
de carneiro quando isso não aconteceu no relato original do mito, imagino que
pode se interpretar que ao invés de carneiro seja um cavalo, falo isto porque
os golfinhos eram considerados como cavalos marinhos, daí que pode ser que o
mensageiro que é citado no mito possa ser interpretado como um disfarce do
próprio Netuno.
No final do livro, mais uma presença mítica, Shakespeare cita, indiretamente, o mito de Pigmalion quando a estatua da Rainha cobra vida, lembrando que no mito original o artista cria uma obra da qual se apaixona e esta ganha vida própria.
Origem da obra
Cada autor tem uma linhagem, antepassados e cada relato pode
ser uma adaptação ou uma consciência de
outro que a sua vez esta inspirado em um outro anterior e assim até o infinito.
A característica do Conto de inverno, especificamente é ter
podido reproduzir o ambiente das narrações contadas oralmente ao pé de uma lareira.
De fato a obra foi inspirada em outro relato, Shakespeare publico os contos de inverno
em 1611 , 30 anos antes Greene publico o conto Pandosto, este a sua vez,de
acordo com algumas fontes, teria sido inspirado em um dos contos de Cantebury
de Chaucer de 1386 e também no relato
intitulado Amadís de
Grecia (encontrei também o nome de Amadís de Gaula) de
Feliciano da Silva (1530) de mais de 200 anos antes e este por sua
vez herdeiro do Decamerão de Bocaccio
(1300).
Na minha busca pela ratificação da genealogia do conto,
procurei confirmar se era mesmo herdeira de outras obras pretéritas, não encontrei
nos contos de Cantebury em nenhum relato
que toque no mesmo tema do ciúmes, do
abandono de uma criança que retorna a sua origem; em relação ao Amadís de
Grecia apenas achei o tema indireto relacionado com um bebe abandonado em um
barco que depois de adulto percorre o mundo na busca da sua origem.
Em Pandosto, triunfo do tempo, de Robert Greene sim encontramos muitos
elementos similares a partir dos quais podemos afirmar que Shakespeare se
inspira para escrever esta obra, o tema dos ciúmes, o próprio lugar (Sicilia e Boemia) onde se
situa a obra , abandonos. Não podemos dizer que se trata de um plagio porque o
tema e o cenário foi adaptado, inclusive porque se pode reescrever um conto ou
uma historia popular com outro sentido sem que isto coloque ao autor sobre na
possibilidade ou na acusação de estar
realizando uma copia imitação , podemos falar sim que estamos na frente de uma
adaptação.
Reflexão final sobre o conto
Estamos na frente de uma obra onde se sucedem loucuras, tormentas,
oráculos, episódios sobrenaturais, Shakespeare reedita uma historia da tradição,
mas, na realidade, a historia em todo
grande autor é apenas um pano de fundo
para ele desenvolver idéias filosóficas, pensamentos, observações da vida, em poucas
palavras um pretexto para poetizar um relato.
Uma das obras mais belas da historia da literatura, guarda um caráter
clássico é fabulista , no sentido de se propor , ao mesmo tempo, ter uma
finalidade didática e artística.