sábado, 10 de maio de 2014

O Asno de ouro . Apuleio

O Asno de ouro.  Apuleio



O asno de ouro, composta por onze livros, narra  as aventuras de um gentil homem que foi transformado em asno por conta de um equivoco provocado durante uma magia.
Depois desta metamorfoses o nosso jovem protagonista atravessa milhões de situações graciosas e perigosas que são as que alimentam as historias narradas no texto.
Temos que nos situar na época, esta obra foi escrita no seculo II da era crista ....se trata de uma serie de contos em sequencia que vem de uma tradição grega e anunciam o Decamerão de Bocaccio e muitas obras que no estilo das "mil e uma noites" e o Quixote  desenvolveram este tipo de gênero que podemos chamar de “narração para ser contada”.

Os fatos.

                                                   Esta obra, atribuída a Lucio Apuleio, nos coloca numa realidade magica, o protagonista  é transformado em asno e como asno  ele nos narra em primeira pessoa a sua perspectiva dos fatos, o animal passa por miles de situações arriscadas e nesse percurso  testemunha traições , vícios, maldades, lutas e os desejos do mundo real até que no final da obra recupera sua forma original humana e consegui sua libertação.
A metamorfoses do protagonista não impede que ele consiga ter conciencia do que ocorre, este homem-asno  assiste cenas muito especiais, cenas como a de uma mulher que deseja seu enteado e ao se sentir rechaçada. o manda envenenar, o enteado vitima do ódio da mulher despeitada  dorme é tratado como morto é enterrado e depois ressuscita pelos feitiços de um outro mago que descobre o sortilégio.
A historia de um amante que suspeita, pelo olhar do asno, que o animal esta sabendo da sua traição e pede para sua parceira castigar ao asno com trabalhos forçados.
A historia de um outro amante que é descoberto e o marido traído na frente da cena de infidelidade  propõe ao casal, calmamente (mais de forma cínica) que poderiam realizar uma convivência triangular.
Acontece também a historia de ladrões que sequestram uma princesa e a mantem em cativeiro até que é resgatada por um príncipe com ajuda do nosso protagonista. Como recompensa o asno é enviado a um palácio onde é reverenciado até de novo entrar em uma sequencia interminável ,e trocas mal sucedidas de destinos e de donos até no final conseguir vencer o feitiço e recobrar sua identidade humana.
Um dos grandes méritos do livro é apresentar mitos e lendas como o de Cupido (Eros) y e Psique (Alma), que encontramos aqui pela primeira vez na literatura ocidental.
Se trata de um mito tardio da tradição grega, um mito criado e que pela sua beleza e sabidória foi incorporado na mitologia antiga.
A narração surge da boca de uma anciã que tomava conta da princesa quando esta estava prisioneira e para acalmar-la conta esta historia mitológica.

A historia do mito


Neste relato se conta a historia da jovem Psique, que se enamora de Cupido.  Ela uma beleza, ele só aparece como uma presença ( sem poder ser visto) mais, mesmo assim eles se apaixonam e depois das bodas entre ambos Psique convive no palácio de Cupido na sua companhia ainda sem poder ver ele, nem saber que se casou com o Deus do Amor.
Psique vive durante o dia uma vida social e apenas pode compartilhar a presença do seu amado na intimidade da noite, mais ainda assim sem poder olhar pra ele. Numa ocasião, vencida pelas duvidas e pela tentação da suas irmãs, decide  contemplar o corpo de seu marido, ajudada pela luz de uma vela. Quando leva a frente seu plano e vê o rostro de Cupido, Psique fica comocionada pelo encanto; mais nesse momento, umas gotas  de cera caem sobre Cupido e o ferem. Cupido acorda e foge. Vênus, enfurecida com Psique, a somete a uma serie de provas impossíveis de serem cumpridas, entre elas uma na qual Psique tem que descer ao inferno (terra dos mortos), em busca de um pequeno cofre onde tem um poco de beleza de Proserpina. Psique consegue superar as provas, embora volta a ceder a tentação de saciar sua curiosidade e decide abrir o pequeno cofre deixando escapar toda a beleza que tinha dentro guardada. Quando parecia que tudo estava perdido para Psique, Cupido, que continuava apaixonado por ela, decide intervir e com a ajuda de Zeus  Psique é perdoada. As bodas se celebram no Olimpo e Psique se transforma numa deusa.

O que tem por trás.

O relato encerra uma importante simbologia, cheia de conhecimentos.  Psique é a Alma humana e Cupido o Amor . Aceitando esta simbologia, o mito descreve como a alma humana não pode conhecer o amor Amor verdadeiro (imortal) diretamente, sinão que debe passar por uma serie de provas, entre elas a própria descida nas profundezas do mundo. Finalmente a alma consegue superar todas estas provas que tem o caráter de um rito iniciático, e alcança o Amor, convertendo-se em imortal.

O estilo

Falando da escrita, as descrições são realmente de um valor artístico importante, a leitura é graciosa e a prosa é muito agradável. O estilo tem duas faces, durante a maior parte do livro segue a lembrança quase oral ou coloquial da tradição, mais no final o relato muda de estilo e toma um tom mais didático e fala sobre os Deuses Ísis e Osíris.
Aparentemente a inclusão da ultima parte sugere uma discussão que estava presente na época onde se desdobrava a possibilidade de entender os deuses como diferentes possibilidades de um mesmo Ser divino original.

Trechos do livro (selecionados  versão em espanhol) 

O texto tem trechos belísimos como este: "Habiéndome despertado, por un súbito terror, casi a la primera vigilia de la noche, veo que toda la tierra se encuentra completamente llena de la completa claridad de una Luna en completo plenilunio, cuyo disco emergía entonces de las aguas del mar".
Ou este
"Al hallar el silencioso misterio de la oscura noche, seguro también de que aquella excelsa diosa ejercía su majestad soberana, y de que todas las cosas humanas se regían por su providencia, y que no tan sólo los animales domésticos y los salvajes, sino también los objetos inanimados, subsistían por la influencia divina de su luz y de su poder; que sobre la tierra, en lo alto de los cielos y en las profundidades del mar, los mismos cuerpos ahora aumentan, ahora diminuyen, siguiendo el proceso de su incremento o de su descenso; saturado ya sin duda mi destino por mis innúmeras y tan grandes calamidades, y proporcionándome, aunque tardíamente, una esperanza de salvación, decidí dirigir mis súplicas a la augusta imagen de la diosa que estaba presente"

Desdobramentos 
Vários poetas históricos como Fernando Pessoa dedicaram páginas ao mito de Eros e Psiquê...aqui citaremos o poema de John Keats que fala um pouco da beleza da imagem mítica e destaca o fato tardio da inclusão na historia da tradição grega....

Oda a Psique[Poema: Texto completo]John Keats
¡Oh diosa! Escucha estos versos silentes arrancados
por la dulce coacción y la memoria amada,
y perdona que cante tus secretos
incluso en tus suaves oídos aconchados.
¿Soñé hoy acaso, o es que he visto
a Psique alada con ojos despiertos?
Vagaba descuidado por un bosque sin razón ni cuidado,
y observé de repente, lleno de sorpresa
dos hermosas criaturas que juntas yacían,
sobre la hierba crecida bajo un techo de hojas
que susurran y flores temblorosas y fluía
un arroyuelo perceptible apenas.

Entre flores tranquilas, de raíces frescas y aromáticos
capullos, azules plateadas con yemas de púrpura,
yacen sosegados en el lecho de hierba;
juntos, abrazadas sus alas,
sus labios no se rozan, mas no se despiden,
separados por las suaves manos del letargo,
y dispuestos a exceder los besos ya entregados
al abrir sus tiernos ojos como auroras de amor:
al muchacho alado conocía,
pero ¿ quién eres tú, feliz paloma?
¡Eras tú, su fiel Psique!
¡Tú, la última nacida, y visión más hermosa
de aquella apagada jerarquía del Olimpo!
Más clara que la estrella de Febe en su espacio
de zafiros, que Véspero, amorosa luciérnaga
del cielo, más hermosa, aunque templo no tengas
ni altar de flores colmado
ni un coro de vírgenes con cantos deliciosos
en las hojas de la noche,
ni voz, ni laúd, ni flauta, ni incienso dulce
ni santuario, ni bosque, ni oráculo, ni ardor
de profeta de labios macilentos que sueña.

¡Oh tú, la más brillante! Ya es tarde para votos antiguos,
muy tarde para liras devotas y entusiastas,
cuando sagrados eran los bosques encantados
y sagrados el aire, el agua y el fuego;
incluso en estos días, tan alejados
de ofrendas jubilosas, tus alas refulgentes,
batiendo entre los pálidos seres del Olimpo,
veo, y canto inspirado tan sólo por mis ojos.
Déjame ser, entonces, el coro que te cante
en las horas de la noche,
tu voz, tu laúd, tu flauta, tu incienso dulce
que exhala el incensario que ligero oscila,
tu santuario, tu bosque, tu oráculo, tu ardor
de profeta de labios macilentos que sueña.
Yo seré tu sacerdote y edificaré un templo
En alguna región oculta de mi mente,
En la que rámeas ideas, nacidas con dolor
Gozoso, murmuren al viento en vez de los pinos:
y lejos esos árboles oscuramente unidos
cubrirán cada ladera de las montañas de cimas
agrestes, y los céfiros, los ríos, aves y abejas
arrullarán a las dríadas sobre el musgo;
y en medio de esta vasta quietud
adornaré un santuario con rosas
con el rico emparrado de mi laboriosa mente,
con brotes, campanillas, y con estrellas sin nombre,
con todo aquello que Fantasía pudo jamás crear,
jardinera que cría flores que nunca crecen iguales,
y para ti habrá las más suaves delicias
que consiguen los pensamientos vagos,
una antorcha brillante y una ventana en la noche
para que el cálido Amor penetre.

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