quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Os Persas.

Esquilo.

Os Persas.

A tragédia , escrita por volta do ano 472 a de C,  se situa na época que aconteceu a invasão persa na Grécia; podemos destacar duas raridades : é a primeira tragédia escrita pelo autor e é a única inspirada em fatos históricos , todas as outras são baseadas em conteúdos míticos; outro dado importante é que o próprio autor participou da batalha derradeira narrada no drama.
Para nos situar, os persas desde Ásia atravessam o estreito de Helosponto e atacam Grécia por terra e por mar; o ápice da invasão se dá na batalha de Salamina. O exercito grego com uma inferioridade numérica abismal consegue conter o ataque naval comandado por Jerjes e ganhar a guerra, Jerjes, rei da Pérsia, volta humilhado ao seu reino.

O drama.
Esquilo se coloca desde a perspectiva dos persas narrando a historia basicamente desde o olhar de Atossa , mãe de Jerjes.
Este posicionamento no meu entender é um dos pontos importantes da tragédia por que Esquilo coloca aqui seu lado humanista expondo a dor dos que agrediram sua terra.
A ação ocorre em Susa, cidade persa,  a rainha Atossa mãe de Jerjes e viúva de Dario aguarda noticias da guerra, ela  sonha  e na suas visões noturnas,  lhe aparece uma cena premonitória : vê duas mulheres, uma vestida aos modos persas e a outra nos dóricos, eram altas e belas, moravam afastadas; uma na Grécia e outra em terra bárbara,  ambas discutiam e Jerjes tentou conte-las pegando pelo pescoço delas e as colocando no  jugo da carroça , uma delas aceita o freio a outra se revela, Jerjes  cai , seu pai penalizado aparece ao seu lado; Jerjes finalmente olhando a cena começa destruir suas roupas.

A metáfora indica como uma das mulheres ( a grega) não aceita o jugo persa se revelando contra a dominação.
Na mesma cena, já acordada, Atossa em quanto faz libações, presencia uma águia que fugia de um templo de Apolo ao mesmo tempo em que um falcão aparece no céu dilacerando a cabeça da ave.
Aqui temos uma das marcas presentes na antiguidade, na época se acreditava que os deuses se comunicavam em uma linguagem simbólica com os homens, isto é, por meio de sonhos ou de situações aparentemente casuais.
A tragédia continua com a chegada de um mensageiro anunciando a derrota persa: ”Como de um só golpe, foi destruída una imensa felicidade, desapareceu pisoteada a flor da Pérsia ! Ai de mim! É uma desgraça ser o primeiro em anunciar estas calamidades ”.
O mensageiro alivia Atossa anunciando que seu filho sobreviveu: “Jerjes vive e vê a luz”.

Esquilo narra como acontece à batalha final e como conseguem fugir; aparece em cena o espectro de Dario (na imagem do lado o artista George Rommey século XVII retrata o momento). Este recrimina de seu filho certa audácia insolente ao não aceitar que aos persas lhes correspondia Ásia e a os gregos Europa.
No final da tragédia Jerjes lamenta a perda e assim como no sonho de Atossa rasga suas vestiduras.
No plano da relação com os deuses ou com um destino superior, fica claro como para os antigos existia uma Necessidade que os fatos aconteçam de determinado modo. Dario diz a Atossa (referindo-se a seu filho) que: “Zeus reservou para si mesmo a incumbência de castigar quem ofendeu as divindades atrevendo-se a insultá-las”.
Esquilo tem ainda o mérito de tomar uma distancia artística para escrever em forma de ficção fatos autobiográficos. A tragédia os Persas narra de forma poética fatos reais incrementados por cenas simbólicas como a dos sonhos de Atossa ou a aparição de Dario,  como destacamos no começo , fora todas as outra virtudes, o fato de que ponto de vista do narrador seja a dor persa incorpora humanidade ao relato.



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