A crônica é carioca até a medula, mistura a paixão do jogo
de botão com o conhecimento rigoroso dos garçons dos botecos que como Andel nos
narra, fazem parte da nobreza da cidade; da sua mão conhecemos a loja Murray e
ao mendigo “Pernambuco” .
A narração parece pessoal e depois de algumas páginas
sabemos onde fica o “Bar das Quengas”, ouvimos a historia de amor e morte que
acontecera quando um prédio desabou e entre as vitimas descobriram um casal de
amantes no seu encontro derradeiro,sabemos sobre a historia do amigo que depois
de um encontro amoroso com uma bela nisei em uma “casa de prazer “, sentiu
até ciúmes ao vê-la com outro.
Andel restitui aquela conversa amena de boteco como forma
literária. Andel é da terra, mas também é cosmopolita, escuta jazz, gosta da
Billie Holiday, do The Police, visita exposições de arte e lê Scott Fitzgerald.
Insisto no caráter cálido exposto na sua sensibilidade para
ver a miséria das ruas, a arrogância e a indiferença perversa de parte da
população.
Mistura de literatura underground e de visita guiada “cenas
do centro do Rio” teria que ser reeditado de tempos em tempos alimentado por
novas historias regadas a chopes, churrasquinhos, belas pernas e gargalhadas eternizando
os papos descompromissados que embelecem os botecos cariocas.
Andel mesmo define assim o centro: “No fim das contas, com a
cara do Rio de Janeiro, com varizes, cicatrizes, belas formas e mundos a serem
descobertos”.
Ao Roberto Rutigliano, um abraçaço e muito obrigado pela generosidade das palavras. ST
ResponderExcluirRutigliano é perfeito e definitivo, só me resta concordar e torcer pela continuidade de "cenas do centro do Rio".
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