domingo, 1 de março de 2015

historias da princesa Alit Sagach e do príncipe da Pérsia

A historia do pássaro que falava.

"não devemos deixar perpetuar nossas magoas"


Á muito tempo atrás vivia na cidade de  Avitub uma princesa bela e honrada chamada  Alit  Sagach, a sua vida transcorria de modo ameno quando, de repente,  sua tranqüilidade foi interrompida por um fato inesperado,  ela teve um sonho , no mínimo, curioso , nele  aparecia a figura de um ancião que ponderava claramente que ela deveria procurar o pássaro que falava.
No sonho  a voz, inclusive, descrevia  com detalhes como teria que fazer a viagem para conseguir  o que ele indicava; o ancião lhe sugeria que ela percorresse um caminho em direção ao pôr do sol  desde a saída da cidade e andar durante 10 dias em linha reta  até que em um determinado momento,  no meio de um vale,  se toparia com uma árvore  embaixo da qual encontraria um monge que lhe indicaria os últimos passos que ela teria que percorrer para encontrar o tal pássaro.
A princesa Alit Sagach estava acostumada  a sonhos  que tivessem  imagens desordenadas ou  situações que envolvessem pessoas do seu mundo  cotidiano mais este parecia um sonho diferente, a  princesa Alit ficou completamente arrebatada por aquele presságio e pediu para seu séquito que preparassem uma caravana para empreender uma viagem de 10 dias sem  esclarecer para nenhum deles quais seriam  os verdadeiros motivos que impulsionaram a ação.
Dos dias depois de tomada a decisão saiu das portas da cidade a princesa Alit, 10 escravas, 20 eunucos negros, 12 soldados da guarda imperial, algumas pessoas que faziam parte da corte como conselheiros, astrônomos,  mais de 40 camelos e dois falcões.
Durante os primeiros dias uma tormenta de areia no deserto produziu  infinitas perdas aos viajantes e tiveram que se livrar dos acervos de água e alimentos, no quinto dia a carreta foi assaltada por um grupo de violentos ladrões  que roubaram pertences, deixaram quase sem provisões ao grupo, mataram todos os homens e ainda levaram todos os camelos,  na oitava jornada uma peste  atacou as mulheres e produziu um surto de febre coletiva que fez com que fosse impossível prosseguir  a viagem com o grupo, a  princesa um tanto  impulsionada pela força da sua determinação continuou andando e acabou chegando sozinha ao final do trajeto  com tudo o que isso implicava de risco e de coragem.
No derradeiro  trecho da caminhada, num lindo dia de  outono,  finalmente  encontrou o vale , a árvore  e o velho monge sentado  no lugar como tinha sido indicado no presságio,  se apresentou e explicou para ele  que tinha tido um sonho onde ela foi avisada que encontraria  uma pessoa  embaixo de uma árvore e que esta  pessoa lhe daria as coordenadas sobre  o que fazer para encontrar o pássaro falante.
O monge  se reconheceu na historia e falou que o pássaro na realidade era o príncipe da Pérsia que tinha sofrido um feitiço e que estava preso no corpo de uma ave que habitava uma árvore branca que ficava  no alto da montanha.
Falou que uma mula indicaria o caminho até a vera da subida e que depois ela teria que prosseguir sozinha para descer com o pássaro o libera-lo do sortilégio e unir seu destino ao dele.
A princesa, ainda meio entorpecida pelos percursos da viagem e pelo encontro com o ancião, olhou para os lados e deu de cara com a mula , ela e o animal se  colocaram frente a frente como se estivessem se entendendo....a  mula começou  a andar em direção de uma passagem que dava para o inicio da montanha, então a princesa a seguiu  e em determinado ponto, embaixo de uma ladeira íngreme a mula  afasto-se como que indicando que a partir de ali a princesa Alit deveria seguir sozinha o seu caminho.
A princesa subiu a encrespada ladeira e quando esteva na cúspide encontrou finalmente  a arvore branca e ali mesmo estava o pássaro que falava.
O encontro dos dois foi algo muito belo, apenas se descobrindo no começo  mas já sabendo já que teriam toda uma historia pela frente  que estava se iniciando em aquele instante com aqueles primeiros olhares.
O pássaro falou com ela: Olá , você sabe quem eu sou?
Ela: Sim, o príncipe da Pérsia que por culpa de uma magia estás num corpo de pássaro.
Ele: Sim, exatamente, nunca antes tinha visto uma mulher tão bonita  como sua majestade.
Ela: obrigado, sou a princesa Alit moro  na cidade de  Avitub há 10 dias daqui, teve um sonho e vim para  resgata-lo.
Vamos sair daqui então, falou ele, me leva contigo por favor.
A princesa e o pássaro desceram da montanha e a mula que estava aguardando os guiou até a árvore onde já não tinha mais o monge (tal vez porque seu propósito no mundo tivesse chegado ao fim).
Os dois voltaram sozinhos até a cidade e já no palácio foram recebidos com muito carinho e preocupação por todo o pessoal da corte que não tinham noticias a mais de 20 dias.
A princesa Alit, contou as penúrias da viagem e como conseguiu se superar para voltar com o pássaro falante  e cumprir a sua missão .
Fizeram todas as cerimônias fúnebres para despedir-se de todas as pessoas mortas que tinham participado da caravana e depois de quatro dias de luto oficial a cidade começou a retomar seu ritmo normal.
A princesa levou o pássaro para morar no seu próprio aposento e depois de se reabastecer durante alguns dias pela extenuante viagem que sofreram, pássaro e princesa começaram a conviver em paz como se fossem velhos amigos.
Comiam juntos, comentavam assuntos sobre suas vidas íntimas até que cada um começou a  mostrar seus humores e sua forma de ser .
A princesa não sabia a quem recorrer para poder tirar o feitiço do príncipe e transformá-lo de novo em homem mas por enquanto conviviam juntos ele como pássaro e ela como donzela aprendendo a  gostar um do outro.
Ela era doce e ao mesmo tempo tinha um temperamento violento, contava com toda a paciência e amabilidade do mundo com todos mas preservava uma sala de tortura no porão do palácio onde castigava cruelmente aos que teimassem, então ela dizia : faço isto para ver se  entendem de uma vez!
O príncipe da Pérsia era de um espírito jocoso , burlesco, brincalhão ...uma manhã ele, escondido detrás de uma folhagem,  imitou uma voz rouca e se fez passar por um asno que passava , então a princesa por um instante pensou que o asno falava com ela...momentos depois ele cometeu uma gafe , foi descoberto  despertando a fúria dela e a vontade de castigá-lo.
O episodio foi esquecido mas a princesa guardou mágoa e rancor por conta de se sentir burlada pelo príncipe.
Meses depois ele escondido detrás de um cortina do no quarto, impostando uma voz diferente  a fez  acreditar  que estivesse escutando uma mensagem do alem então , ela conversou durante longo tempo com o  que parecia um duende ou uma assombração.
A princesa  acreditou na presença de um espectro e discorreu com ele durante longas horas, então ele aos poucos foi ganhando a confiança dela e foi induzindo a acreditar que fosse um amante fantasma que a estava seduzindo. Quando ela descobriu o engano ficou furiosa e perseguiu ao pássaro pelo palácio inteiro para lhe dar uma surra.
O pássaro esteve de castigo durante uma longa quarentena e a princesa sem saber como lidar com aquele personagem querido e  detestado  , ao mesmo tempo, continuou o perdoando e acumulando aversão aos disfarces e a esse lado trapaceiro que tinha o príncipe da Pérsia  .
Os ânimos se acalmaram, a princesa Alit  Sagach e o pássaro passaram a conviver em harmonia e ternura.
Ele cantava pra ela e todos os pássaros da região acudiam a escutar os trinos musicais do príncipe que começava no por do sol e continuava pela noite adentro alegrando os jardins do palácio como se fosse um aroma suave que impregnasse de beleza todo o ambiente.
A vida continuava  normalmente no palácio até que um touro falador entrou em cena; não se sabe de onde surgiu mais conseguiu entrar no palácio, colocar a cabeça na janela do quarto da princesa e se dirigindo a ela lhe propôs amizade.
A princesa aceitou, embora sempre com reservas, a relação de afeição com o touro  foi ganhando intimidade até que no primeiro desentendimento ela achou que se tratava de novo de um outro truque do pássaro e lembrando de todo seu ódio acumulado partiu pra cima dele com uma faca na mão para matar ao príncipe e dar um ponto final em suas iniquidades .
Primeiro final.
A princesa irada o cercou e acabou acertando o coração da ave com a ponta fina de um punhal, brotando sangue do peito do pássaro e na hora seu corpo mudou para o do príncipe aparecendo, de repente, na sua frente, a figura esbelta de um jovem angelical.
O príncipe da Pérsia se contorceu todo e acabou morrendo na frente da princesa com as duas mãos no peito segurando o punhal assassino que tinha acabado com sua vida.
A princesa  afastou-se da cena do crime e acabou se amaldiçoando quando o touro apareceu comentando o ocorrido.
Tarde demais Alit  Sagach descobriu que  o pássaro tinha sido trucidado por engano.
De algum modo a profecia do monge se realizou e os seus destinos se uniram. Ela se desfez do touro e deu uma solene cerimônia de despedida ao amado pássaro-príncipe sempre suspeito e eternamente lembrado na memoria da princesa.
Um tumulo e uma esfinge com a figura de um  príncipe alado foi construída nos jardins do palácio e a historia do pássaro que falava foi uma das mais lembradas até hoje por todos os habitantes da cidade  de  Avitub.
Segundo Final.
Deteve-se a tempo de não cometer um ato definitivo do qual poderia  arrepender-se respirou fundo, de um passo atrás, expulsou ao touro dos jardins do palácio e deixou ao pássaro numa gaiola isolado durante três semanas de castigo ainda sem saber identificar se o episódio foi real ou fictício.
O tempo que sempre é generoso com nosso passado, acabou dissolvendo a magoa e com passar dos dias o ressentimento deu lugar as saudades; a princesa Alit lembrou dos momentos prósperos, das canções que o pássaro-príncipe cantava pra ela, das tantas luas diáfanas que os iluminaram; não o absolveu pela  perversidades que cometeu  mais sim  pelos atos suspeitos dos quais fora incriminado.  Como gesto de reconciliação a princesa  Alit tirou o pássaro da gaiola o beijou e de repente, frente a seus olhos, a ave se converteu na figura esbelta do príncipe da Síria, , reinaram felizes no palácio conquistando a alegria grata e silenciosa da qual usufruem os seres que se amam quando unem seus destinos.










2 comentários: