quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Pais e Filhos

Pais e filhos
De Ivan Turguériev
Cada obra literária tem uma idéia que a sustenta, um pensamento que gera a possibilidade dessa obra ser criada, cada obra parte de um ponto que serve como inspiração para que esta se desenvolva, no caso de “Pais e filhos” a semente ou  a ideia matriz é apresentar o  niilismo.
Na realidade, mais do que o próprio niilismo cabe ao Turguériev apresentar o confronto ideológico que estava acontecendo no final do século XIX na Rússia....
Claro que dentro de um contexto de amores, descrições de época, personagens, conflitos familiares... mais aqui estamos falando de dois jovens que chegam a sua cidade natal depois de terem estudado fora e que defendem as idéias do niilismo...esta is idéias são o cerne do enredo e o motivo do  confronto com as pessoas da aldeia (mujiques,aristocráticos,burgueses..) não foi simples a convivência dos dois mundos, teve um caso que inclusive  terminou em um duelo com armas de fogo .
Diálogos 
Falamos no Blog no post dedicado aos “Possessos”  de Fiodor Dostoievski que o niilismo que estamos falando na Rússia de final do século XIX  não é o que entendemos hoje pelo conceito, hoje o julgamento alude a alguém que não acredita em nada ou que esta desenganado de tudo mais no livro significa muitos mais do que isso, significa que para os niilistas não há religião, nem valores estéticos ou morais relevantes, o importante , ao contrario, seria o avanço científico, a valorização a tudo o que se possa comprovar em contraposição as superstições ao pensamento  sumiço  e ao atraso da época... “Um niilista é um homem que não se dobrega ante nenhuma autoridade, que não da credito a nenhum principio de ante mão” 
O personagem Eugênio Bazárov rechaça, por exemplo,  um amuleto da sua mãe e o serviço religioso na hora da sua morte...
Esta nova geração que depois vai ser chamada de raznochínets, será a semente de da intelligentsia russa , conhecida pela sua atitude crítica frente ao intelectualismo da burguesia..
A escrita.
O texto é de uma beleza artística que vale a pena ressaltar....diz no epilogo.”Passaram-se seis meses. Era um inverno branco com a calma clara dos seus frios violentos, a neve ambulante que rangia sob os pés, a neve a cobris as árvores nuas, um céu de azul pálido, a fumaça sobre as chaminés das casas, as nuvens de vapor saindo das portas abertas, as faces vermelhas das pessoas e trotes dos cavalos atrelados e transidos de frio. “

A critica 
O autor também se coloca um pouco mostrando as contradições desta teoria ou movimento... Por momentos os descrevi aos niilistas como presunçosos, revoltados, chega a tratá-los como palhaços aos olhos das pessoas mais simples (os mujiques) ,no final o autor afirma o amor ,os sentimentos (quase sempre menosprezados pelo protagonista) e fala de paz e vida eterna.
No meu entender o fato de desprezar a Arte como algo que não entra em condição de ser mensurável mostra , no minimo uma falta de contato com a vida e  a sensibilidade.

O enredo

Dos jovens  cientistas , Arcadio e Bazárov (o primeiro menor e discípulo do segundo) voltam a sua cidade natal com idéias niilistas, e são hospedados na casa paterna do Arcadio...o pai dele, Nicolau Pietróvich (casado com a jovem Fiênitchka) os recebe .
O nome de Bazárov na realidade era de Eugênio Vassilievitch o que gera certa dificuldade para situar-se na narração.
O Arcadio tinha um tio chamado de Páviel Pietróvich que representa as forças tradicionais russas e que se enfrenta  constantemente com Bazárov...se inclina a pensar que o nihilismo vem do “Nada”, de aquele que nada respeita...e Arcadio fala de aquele que todo examina do ponto de vista crítico.
Este acusa ao Páivel de ser um velho romântico, Bazárov a pesar do seu  ecepticismo em  relação ao amor romântico acaba se apaixonando de Ana Serguêieva e  o Arcâdio , seu amigo,discípulo, da sua irmã Câtia.
No final cenas de tristeza pela morte de Bazárov e valorização final do amor dos pais por ele., tema que dá título a este belo romance.




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