domingo, 28 de dezembro de 2014

Criatividade e imaginação no George Wellls

O viageiro a traves do tempo e o Homem invisível

Viajar no tempo e se tornar invisível são temas que alimentam a imaginação do mundo, temas que, de algum modo, relacionam ao homem com a ruptura e a linearidade da existência.
O próprio autor comenta, “toda sociedade tem que mudar aquela que não muda esta morta”.

O viageiro a traves do tempo

Para a religião e para a política a arte deveria servir interesses não apenas estéticos.
A religião pensa que ela teria que estar inspirada em motivos sagrados e para a política a arte teria que ser necessariamente uma ferramenta para o desenvolvimento ou para a divulgação dos ideais.
Alguns artistas, pelo seu lado defendem uma arte que apenas de conta de valores estéticos embora exista a possibilidade de que a obra tenha também um valor didático.
No caso da narração de Wellls,  ele consegue  realizar uma arte apenas com finalidades estéticas (uma mera aventura fantástica) e ao mesmo tempo constrói uma metáfora de um futuro provável da humanidade fazendo um paralelo com a luta de classes.
O romance lembra ao Jonathan Swift  que já em mediados de 1600 escrevia “As viagens de Gulliver” , uma aventura aparentemente infantil mais que constitui uma das criticas mais amargas que se escreveram contra a sociedade e a condição humana.
George Wells, britânico de nascimento é considerado junto ao Julio Verne um dos precursores do romance de ciência ficção.
Borges falaria que o fantástico em Wells é de caráter científico e nunca sobrenatural e que a diferencia com Julio Verne consiste em que este constrói realidades proféticas e o Wells caminha na ordem de visões de execução impossível.  

O romance
No final do século XIX um cientista convida aos seus amigos para mostrar suas experiências com a “quarta dimensão” (o Tempo)
Conta pra eles como construiu uma máquina com a qual conseguiu viajar até o ano de  802.701,  conhece assim uma sociedade habitada por dois tipos de humanos, os “ Eloi” que vivem na superfície da terra e que aparentemente tem todos o que desejam e os “Morlocks” que vivem nas sombras.
Com esta imagem parece querer nos convidar a refletir sobre as deformações que podem acontecer no desenvolvimento da ordem estabelecida e como a desigualdade pode criar contradições capazes de ameaçar o convívio e a paz social, em outras palavras a polarização social como algo fatal gerado pelo próprio sistema.
Voltando com a historia, a máquina do tempo que o transportava foi roubada pelos Morlocks e o protagonista se vê obrigado a conviver naquele mundo, sem conhecer a língua,, nem os perigos do lugar, consegue sobreviver durante seu convívio até que ajudado por Weena , uma Eloi, da qual se apaixona, encontra num antigo museu (um palácio de porcelana verde)   ferramentas para encontrar e recuperar sua máquina do tempo , vencer aos  Morlocks e retornar sua viagem.
Consegui reconquistar a nave e no final viaja avançando no tempo milhões de anos, chega à outra época e vê como o sol se detém sobre o céu num crepúsculo eterno e como criaturas gigantes ameaçam sua existência.
Volta para a sua era e narra todas esta historia com detalhes para seus amigos... apenas duas flores brancas deixadas por Weena no seu bolso e alguns ferimentos é o que resta , como prova fática, da sua experiência no alem.

No cinema

O romance inspirou vários filmes ao longo da historia do cinema, podemos destacar a de George Pat em 1960 e a de um dos descendentes do autor, Simon Wells no ano de 2002.

Reflexão final
A ideia de viajar no tempo é algo que fascina a imaginação do homem, a possibilidade de se locomover pelo futuro e assim saber o que vai acontecer é algo que de algum modo nos traz uma espécie de domínio do percurso, do desconhecido, do conhecimento do sentido do que há de vir.
A narração veemente do protagonista narrando a viagem cria um contraponto interessante com o olhar acético dos seus amigos que, no contexto. representam o olhar do mundo científico da época (psicólogo, médico, etc).
Recomendo este livro para iniciar as pessoas no fascínio pela literatura já que nesta narração encontramos o clima de aventura propicio para encantar a fantasia prematura, própria do mundo juvenil.
Este foi o primeiro livro que o Borges leu.
O lado profético do conto é algo pessimista e as imagens parecem sair de alucinações ou pesadelos, Wells entre muitas coisas, com sua obra, nos mostra seu talento e a genialidade da sua imaginação
 
O homem invisível

O homem invisível (The Invisible Man no original- 1897), a ideia de se tornar invisível transforma um homem simples que procurava um determinado objetivo cientifico em outro homem que ao descobrir as vantagens do seu estado (poder se esconder e matar sem ser percebido ) se propõe dominar o mundo.
O livro inspirou vários filmes, um dos mais famosos é de 1933 e pela sua fidelidade e beleza da sua realização acabou se transformando em um clássico do cinema de terror e ciência ficção.
Borges fala que em Wells o patético não é menos importante que a fábula.

A trama

 O protagonista, um cientista de nome Griffin,entediado da sua vida de professor decide se dedicar a investigar a possibilidade de tornar as pessoas ocultas aos olhos, começa suas experiências aplicando um liquido singular primeiro em um pano, depois com um gato (mais seus olhos  ainda ficaram evidentes)  até  aperfeiçoar seu método  e conseguir tornar ao homem invisível ... Decide aplicar em si mesmo a invenção e o contato com esta experiência mudaria seu percurso para sempre.
Fica invisível e em esse estado chega assim, fantasiado com vendas, perucas e chapéus que escondam seu estado para se refugiar numa pacata cidade onde finalmente é descoberto.
Sua personalidade fria e mal-humorada se desdobra, com sua ambição  em facetas assassinas até que finalmente é pego no seu percurso de roubos e maldades colocando um fim a seu comportamento inconsequente..

O texto
o estilo


Existe um lado bem humorado no autor em relação a como organizar a obra, cada capítulo trata de um tema determinado (com duração de algumas páginas)  e de repente inclui um capitulo diminuto onde narra apenas o espanto de uma pessoa ao se sentir ameaçado pelo homem invisível só  para quebrar o ritmo do relato só para mostrar um movimento lúdico 
Em relação as imagens, O autor com um texto delicioso nos conta as peripécias de Griffin (o protagonista) para sobreviver , se vestir, comer...era inverno e seu corpo era invisível mais sua roupa não.
Lutas e perseguições alimentam o ritmo narrativo , uma leitura maravilhosa para que gosta de literatura de qualidade aliada a uma temática ‘B’.



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