quarta-feira, 28 de abril de 2021
CUENTOS DE OTROS TIEMPOS
terça-feira, 13 de abril de 2021
Paul Cézanne.
sexta-feira, 5 de março de 2021
PIazzolla sempre Piazzolla.
Piazzolla
100 anos.
Piazzolla alem de ser um dos maiores músicos do século XX ele é um guerreiro. Astor representa para os músicos uma luta pela arte, uma luta por tentar desenvolver uma música contra a estreites dos gêneros musicais, as correntes comerciais e contra o conservadorismo.
Para
homenagear Piazzolla preferimos não entrar em anedotas particulares ou em
descrever sua vida pessoal, vamos falar então da sua musicalidade E de algumas
historias que ajudam a descrever sua personalidade e os retornos que ele
provocou.
Em outras
palavras para comemorar os 100 de Astor vamos falar sobre alguns temas que
estão relacionados diretamente com a sua arte e sua música. Aqui uma guia dos
pontos que vamos a desenvolver.
1)
Os ritmos que Piazzolla explora.
2) Os recursos musicais e as formas que
usa Piazzolla.
3) A relação com o Brasil
4)
A sua essência poética.
Os ritmos que Piazzolla usa.
O Tango
normalmente usa o compasso de 2/4 com um acento forte acento no primeiro tempo.
Piazzolla por momentos usa este recurso.
Escutamos
aqui o tango “La camorra 1”.
E a introdução de “Adios Nonino”.
Também por
momento ele inverte o acento do compasso apoiando o centro de gravidade no segundo
tempo se assemelhando ao comportamento do Samba, isto ocorre muitas poucas
vezes.
Escutamos o
tango “La Camorra 2” (minuto 23:46)
Aqui outro
exemplo desse comportamento na música “Cite Tango”.
Mas na realidade o ritmo que Piazzolla mais usa é uma
célula conhecida com 3/3/2. Esta célula está na origem do Tango com outro
andamento e outro colorido.
A origem se
chama milonga campera e Piazzolla até usa esta célula em músicas que evocam um
passado remoto do tango. Podemos conhecer este comportamento ouvindo Jacinto
Chiclana.
Piazzolla
usou esta célula muitíssima vezes em um andamento muito mais rápido e num
contexto de 4/4, este recurso lhe serviu para romper com os limites do compasso
2/4 normal.
Escutamos
este tipo de ritmo, que é muito normal na obra de Astor.
Piazzolla
usa o ritmo de ¾ de forma ocasional, aqui um trecho onde ele usa esse compasso.
Música “La Camorra 3”(minuto 26,20)
Y também usa
esse compasso , mas com sentido de valsa na primeira parte de balada para um
loco, aqui é mais usado ao serviço de um clima cênico .
Não sei se
de forma consciente, mas Piazzolla também usa células da tradição do Candomble
de Ketu como o Opanijé
Aqui um
exemplo
Também usou
, ao menos uma vez, o compasso de 7/8
Aqui na
música “Vayamos al diablo”.
A
instrumentação relacionada com o ritmo.
Como
instrumentação percussiva Piazzolla usa instrumentos da formação sinfônica como
tímpanos, vibrafone, marimba, sinos de tubo, etc seguindo a tradição de
comportamento destes instrumentos o percussionista Jose “Pepe” Corriale foi o
nome mais convocado nessa função.
Em um
determinado momento incorporou a bateria trazendo o sentido de levada na
direção da célula que mencionamos como 3/3/2.
Os
bateristas que Piazzolla mais tocou foram Enrique “Zurdo “ Roisner, Luis
Cerabolo e o baterista italiano Tulio De
Piscopo.
As ideias de Piazzolla em relação com a parte
rítmica conta com a incorporação de
efeitos e de timbres novos como o do güiro (reco-reco), este instrumento é
realmente um achado de Astor em relação com a instrumentação do tango novo
porque naturalmente é um instrumento da tradição da música latina.
Piazzolla
usa também muitos instrumentos percussivamente, ele explora timbres e cria situações
novas onde explora efeitos diferentes.
Os efeitos ocorrem no violino que ele chamou
de “tambor” e outro da “chicharra’ o primeiro é um efeito que tenta imitar o
som de uma caixa clara e que se consegue percutido com pizzicatos e abafando as
cordas ao mesmo tempo com a mão esquerda, e o da “chicharra”, o nome é esse
porque parece com o som da cigarra ou o de uma lixa, que se consegue esfregando
fortemente o arco, na parte do talão, nas cordas atrás do cavalete do violino .
Piazzolla usa muito o efeito produzido por um
longo glissando descendente que ele chamou de “látigo” (chicote) e sua variante
chamada de “perro” (cachorro) que esse glissando se interpreta com um som mais
curto efetuado no sentido ascendente.
Aqui um
exemplo onde aparece el latigo y em determinado momento como estes efeitos se
sucedem como se fosse uma percussão de pizzicatos.
Música
Pulsación n 2 e 3 especialmente a partir do minuto 12 34
Outros dois
recursos que Piazzolla inventou foi o de bater no corpo do bandoneon e provocar
um som de maderia tipo “Toc, toc” e na tampa do piano gerando um efeito similar.
Alem disso tem um efeito no qual ele quer provocar um som tipo bumbo de
bateria, para isso ele pede ao instrumentista bater nas costas e no corpo do
contrabaixo para criar um som de madeira grave e agudo para ser usado como
percussão ele chamou esse efeito de “trastiera”.
Aqui um
exemplo na introdução de “La muerte del Angel” como Piazzolla usa o recurso de
bater no bandoneon.
E aqui um
exemplo da música “Verano Porteño” para mostrar o efeito do contrabaixo usado
como percussão batendo nas costas do instrumento.
2) Os recursos
musicais e as formas que usa Piazzolla.
Para muitos
na Argentina Piazzolla extrapolou o limites do tango e por isso não é
considerado tango sua música , mas a relação de Piazzolla com o tango é muito
mais expressa e profunda do que alguns imaginam.
Falando
sobre os recursos que usa usa Piazzolla que estão relacionados com a tradição
do tango podemos citar dois: um é o que se chama “El arrastre” (arrastar uma
nota) tocar ela de forma que a interpretação mostre uma antecipação do ataque
de uma nota e o “fraseado” que normalmente não esta escrito e que está
relacionado com o “sotaque” com a forma interpretativa de uma frase musical.
Isto
colabora para criar o que na gíria do tango se chama de “la mugre”, a sujeira que tem que existir para que o tango
não fique descaracterizado.
O ostinato.
O uso do
ostinato em Piazzolla chega a ocupar um lugar temático como ocorre na música
“Esqualo” e em “Libertango” que a gente já citou
As Fugas.
O uso das
fugas também é algo recorrente em Astor , isso vem de seu convivência com a
música de Bach quando ele estudo com Bela Wilda, um pianista húngaro discípulo
de Sergei Rachmaninoff e depois quando estudou fugas a
quatro vozes com Nadia Bulanger em Paris.
Aqui dois
exemplos de fugas
O tema
“Fugata” e o tema “Fuga e Mistério” que faz parte da opera “Maria de Buenos
Aires”
A RELAÇÃO DE
PIAZZOLLA COM BRASIL.
Piazzolla
visitou muitas vezes o Brasil e teve relações estreitas com muitos músicos. O
público lê retribui essa paixão ouvindo suas interpretações e centos de grupos
de música interpretam suas composições homenageando sua obra.
Piazzolla
toca pela primeira vez no Rio com apenas 20 anos em turnê com a orquestra de
Troilo no radio Nacional.
Depois como
líder de seus projetos se apresenta inúmeras vezes no Brasil e trava parcerias
com músicos como Gismonti com o qual acaba desenvolvendo uma longa amizade.
Vou narrar
uma anedota que aconteceu com Vinicius em caño 14: certa noite de Buenos Aires,
Piazzolla se apresentava com seu quinteto num recital. Amelita Baltar cantava
que as canções que ele tinha escrito com Ferrer. De repente, depois dos
aplausos e rompendo um silêncio de missa que antecedia a próxima canção,
Piazzolla ouviu uma voz gritando em português: “Que maravilha! Filho da puta!
Filho da puta!”. E em seguida, de pé na frente do palco, o homem dos gritos
desandou a aplaudir. Piazzolla ficou pasmo, até perceber que o homem era
Vinicius de Moraes, que ele não conhecia pessoalmente. A amizade com o poeta
nunca mais parou.
Nos
primeiros anos da década de 70 Piazzolla pede para reunir a todos os músicos
importantes do Rio para um concerto dedicado a especialmente para a classe
musical.
Nessa
reunião, numa casa de Jazz “Number One” em Ipanema , na zona sul carioca,
estavam Tom Jobim, Nivaldo Ornelas, Chico Buarque, Milton Nacimento, Caetano
Veloso, Luizinho Eça, Leny Andrade, Egberto Gismonti, Edu Lobo, Dory Caymmi,
Dom Um Romão, Elis Regina e muitos dos músicos dedicados à música instrumental
do Rio, relatos de quem esteve presente afirmam como aquelas interpretações
intimas de músicas como “Milonga del Angel” ficaram na memória de todos eles
como algo realmente sublime.
Em 1973,
Piazzolla toca ao vivo na USP. Num belo momento, oferece uma composição sua aos
jovens criadores do Brasil, em especial Milton Nascimento, a quem dedicou o
tango: "Retrato de Milton"
Anos mais
tarde Piazzolla junto com o poeta Geraldinho Carneiro faz parceria em várias
obras e em 1975 lança um disco interpretado pelo Ney Matogrosso onde este canta
a composição “As Ilhas” da dupla Piazzolla e Carneiro.
Sua relação
com músicos brasileiros não acaba ai: Piazzolla escreve para dois violões uma
obra dedicada ao duo Assad (Sergio e Odair Assad) chamada “Tango Suite”.
Anos mais tarde toca no Maracazinho e realiza várias turnês pelo Brasil inclusive em 1986 Piazzolla toca ao vivo em um programa da emissora O Globo chamado “Chico e Caetano”.
Sua última
aparição no Rio foi em 1989 com um novo sexteto. Astor toca na Sala Cecilia
Meirelles, fazem parte do seu grupo o bandoneonista Daniel Binelli, o pianista
Gerardo Gandini e o guitarrista Horacio Malvicino . Dias depois reestreia a sua
opera “Maria de Buenos Aires” no Teatro Municipal do Rio .
Uma historia
que muitos poucos conhecem é que Piazzolla se consultava com um pai de Santo no
Rio, às vezes até viajava exclusivamente para fazer um encontro com ele. E que
fruto desses encontros surge o nome da música “Deus Xango” que Astor grava
junto a Gerry Mulligam no histórico disco Reunión Cumbre.
FOTOS
Na primeira
foto uma reunião intima em Buenos Aires onde podemos ver a Piazzolla e Horacio
Ferrer, (Fuente: GEMAA (Grupo de Estudios en Música y Artes Afrobrasileñas) /
Sergio Radoszynski RP Music) Na segunda junto a Chico, Nara Leão, Nana Caymmi,
Astor Piazzola e Amelita Baltar na casa do poeta Vinicius de Moraes (1973) |
foto ©Nelson Santos.
A estética
de Piazzolla.
A música de
Piazzolla conseguiu aquilo que todos os criadores perseguem, isto é uma desenvolver
uma assinatura, se parecer a si mesmo.
Muito se
fala sobre se a música de Piazzolla seria tango ou uma mistura entre música
popular , de concerto e de vanguarda como a que podemos escutar nas composições
de Ginastera, Béla Bartók, Villa Lobos ou Manuel de Falla. Isto é, uma música
que tem varias vertentes, mas que tem no
seu alicerce o espírito de algo essencial, neste caso do tango argentino, isto
muito a partir do bandoneon e da paisagem sonora que nos sugere.
Carlos Kuri, no seu livro “Piazzolla, la
música limite”, faz uma análise profunda da estética, do idiomatismo e da
construção do tango de vanguarda piazzollano e sugere que a sua música
ultrapassa os sentidos, vai além do racional, do emocional e diz que com seus
ritmos e dissonâncias atinge o corpo.
Andre
Marsili no seu livro “Reflexión sobre la autenticidad en el tango rioplatense”
nos convida a pensar na noção de autenticidade na obra de Astor, nos juízos de
tanguidade porque por momentos a obra de Piazzolla não foi reconhecida na
Argentina como tango, mas como música cidadã ou música contemporânea da cidade
de Buenos Aires.
Francisca
Rutigliano desde sua página “Estudos Heideggerianos” afirma que a Música, tanto
mais ela cala em palavras, mas ela fala em Tempo, mas o Tempo da Música de
Piazzolla é um Tempo que não acumula imagens propriamente, antes intensifica a
amplitude da dor por sobre toda e qualquer imagem eventual. Ele é o próprio
passado puro de Proust, sem as figuras particulares de madeleines enquanto
protagonistas; é dor pura, a mesma dor por sobre toda e qualquer figura que
possa vir à tona. Poder-se-ia dizer que nela, a dor é a única figura concreta,
pairando sobre tudo, sem se deter em nada — como azul do Céu.
Conclusões.
Com este
artigo pretendemos abrir um olhar para um Piazzolla renovador, um Piazzolla
lutador e um Piazzolla poético.
Sua música
realmente transcende os limites da música de concerto e da música popular, suas
sincopas criam um clima eletrizante e suas melodias leves desenham paisagens
melancólicas e sofridas.
Ao longo dos
anos a música de Astor vem ganhando cada dia mais e mais admiradores no mundo
todo, isto mostra como existe uma fatia da humanidade que não se importa se a
música dele é jazz, tango ou música clássica e que escuta as composições apenas
pela beleza e pelo sentimento que ela consegue passar.
Piazzolla
desde a cor obcura e trágica da sua música nos mostra que justamente o lugar da
arte é de transformar em belo todo o sofrimento humano.
Viva o
centenário de Astor!
Bibliografia.
“A abordagem das técnicas estendidas nas Quatro Estações Portenhas de Piazzolla: o regente como mediador do processo interpretativo MODALIDADE: COMUNICAÇÃO SUBÁREA” por Leandro Fernandes de Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
“Introdução à música de Piazzolla” (teses de mestrado) por Ivan Jose Quintana.
Intertextualidad
en “la historia del tango” según Piazzolla por Omar Garcia Brunelli.
“Técnicas estendidas de música contemporânea” por Leandro Fernandez de Oliveira .Universidade Federal Rio Grande do Norte.
“Piazzolla,
la música limite” por Carlos Kuri.
“Reflexión
sobre la autenticidad en el tango rioplatense” por Andrea Marsili.
“O Tempo no
fundamento da interpretação que o Dasein faz do Mundo e de seu próprio
ser-no-mundo, visto na possibilidade concedida pela Música” por Francisca
Rutigliano.
domingo, 3 de janeiro de 2021
CUENTOS
SUBURBANOS
Prefacio
Estos
cuentos son inspirados en las cálidas narraciones de Roberto Vicente Rutigliano,
ellas retratan experiencias de su infancia y de su juventud vividas en el
barrio de Avellaneda.
Esos relatos
muy humanos que me fueron contados con una gran carga poética son la base para
estos dos cuentos que presentamos a seguir: “Inspiración” y “Gólgota”.
Roberto Rutilgiano.
INSPIRACIÓN.
PRIMERA
PARTE. EL ANUNCIO
Gladiz
Nikisnki , la hija
del ferretero, pasó por la vereda de enfrente con un pullover de lana color
celeste y observándola todos los jóvenes de la calle Lemos percibieron que el
invierno había llegado.
Su silueta
femenina se alejaba mientras pisaba distraída las hojas amarillas caídas en el suelo. El crujir de sus pasos y
el color intenso de su ropa disiparan la monotonía suburbana.
Era el mes
de julio de 1949. El
padre de Juan Borra había alquilado un galpón para hacer fiestas con música en
vivo y lo había contratado a Hector Mauré con dos guitarristas para la
inauguración.
Y no era
sólo Mauré que visitaba el arrabal. El barrio todo estaba de fiesta porque
decían que Aníbal Troilo (Pichuco) vendría a tocar a Avellaneda, en el Circulo
Friulano con su orquesta.
Una foto
sepia eternizó el encuentro de Juancito, su padre, Mauré y Joya. Avellaneda
comenzaba a transformarse en un polo cultural del suburbio.
Por ese
entonces las orquestas más famosas eran las de Juan D’Arienzo (el rey del
compás), Osvaldo Pugliese, Alfredo Gobbi, Mariano Mores, Carlos Di Sarli,
Francisco Lomuto y por supuesto la de Aníbal Troilo.
Elegir una
orquesta era como preferir un club de futbol, la persona tenía que saber todas
las músicas, la formación, el nombre de los cantores y acompañar a la orquesta
donde fuera que tocase.
Era difícil
que Troilo tocase en el suburbio porque además de los cabarets del centro contrataban
la orquestra para tocar en la radio y en fiestas particulares, en el circuito
de salones de bailes bacanas que había en el ambiente porteño.
Joya pasó
por la puerta del círculo Friulano y vio el cartel anunciando la llegada del
ídolo: Sábado 23 DE AGOSTO/ GRAN BAILE CON LA ORQUESTA DE ANIBAL TROILO/
ENTRADA 15 PESOS/DAMAS GRATIS/BAILE DESDE LAS 20 HORAS CON LA ORQUESTA
CARACTERÍSTICA “MARAHUANA JAZZ”.
Eran 4 de
los 14 jóvenes que hacían parte de la barra que eran locos por Aníbal Troilo,
conocían sus composiciones, se deleitaban con su forma de interpretar las
melodías, con su vida de bohemio y de genuino representante de un Buenos Aires
nocturno, poético y sin razón.
Era una
fecha de gala, no podían ir vestidos como de costumbre así que uno a uno fueron
a lo del sastre Oscar Calvo, que quedaba en la esquina de la calle Lemos con
Avenida Mitre para encargar un traje a medida.
Calvo era
un hombre astuto y comprensivo, rápidamente entendió que los muchachos no
tenían plata para pagar ni la tela, ni su trabajo porque el primero que
apareció le pidió fiado, el segundo le dijo que le pagaría al otro mes, el
tercero le prometió la mitad para una semana, y así fueron llegando los 4
troileanos a su taller inventando pretextos para hacerse el traje nuevo sin
dinero en la mano.
Cuando
llegó el último Calvo lo miró y le dijo, no precisas decirme nada, me lo pagas
cuando puedas (es cosa de hombre sabio y generoso no humillar a una persona que
quiere algo, pero que no tiene como alcanzarlo).
Calvo en
ese día, cuando terminó la hora de su trabajo, fue hasta la esquina del tranvía
donde se juntaba la barra y les dijo a los cuatro que habían encargado el traje
nuevo:- Quiero hablar con ustedes cuatro
a solas. Los cuatro se separaron del montón y escucharon a Calvo diciendo con
vos serena: – por lo menos me pagan la tela ahora, mi trabajo me lo pagan
cuando puedan. Los jóvenes se miraron sonrieron de forma agradecida y juraron
que una semana tendría como adelanto el dinero de los gastos.
Cada uno
había elegido un modelo. Pilín quería un traje gris con chaleco, Borra quería
uno a rayas finitas gris oscuro y gris claro cruzado, Joya prefería uno azul
oscuro con chaleco azul claro y Junquillo prefería un pantalón marrón oscuro y
un saco verde laurel.
Pilín le
dijo a Junquillo: – pero así vas a parecer un arbolito! Y Junquillo casi le
rompe la nariz por ponerlo en ridículo.
Las chicas
hacían fila con las costureras eligiendo sus vestidos coloridos, unas con
flores, otras a lunares, otras con estampas, otras con tonos vivos.
Juana, la
hija de de Roberto el sifonero, era una morena linda, usaba el cabello suelto y
tenía una boca insinuante que cuando se ponía lápiz de labio quedaba parecida
con las imágenes de Carmen de García Lorca; Julieta Magaldi era una joven
afable que sabia vestirse, tenia buen gusto y siempre de forma discreta
conseguía atraer la atención con sus modos finos y delicados; Rosa, hija de
Jose el de la panadería, era una chica delgada e inteligente, era la única que
fumaba y que reía con una carcajada sonora, le decíamos “la flaca”.
Pero,
claro, Gladiz Nikisnki era especial, su padre era polaco y su madre italiana.
Mezclaba las formas rusticas de su cuerpo latino con una composición de colores
que realmente llamaban la atención. Tenía el cabello negro azabache, ojos
azules y una piel pálida casi fantasmal.
El barrio
entero hablaba de medias, de colores de corbatas, de cómo lustrar los zapatos
con grasa bovina, de sombreros, de gomina, de perfumes, collares, maquillajes,
peinados y de los pasos de baile, todo el mundo preparando los cortes y las
quebradas para lucirse en la pista.
Los
muchachos se preguntaban quien tocaría en la orquesta. Joya que conocía de
memoria el nombre de todos los músicos afirmaba que el violinista David Díaz no
podía faltar porque era uno de los pocos que siempre acompañaron al gordo.
-Y los
cantores? (preguntó Pilín) – Y seguramente vendría Edmundo Rivero y Floreal
Ruiz – le respondió Juancito Borra. – Que te parece que van a tocar? (preguntó
Junquillo) – Y seguramente “Barrio de Tango”, “María”, “Que me van a hablar de
amor”, “Corazón de papel” y “ A la Parrilla” no puede faltar (respondió Borra).
Juancito
Borra se fumó un cigarrillo y les dice: – También puede ser Fiore (refiriéndose
a Francisco Fiorentino), pero por que no
le preguntamos a la hija de David Díaz , ella casualmente está ahí , la vi
entrando en el Almacén de Totó.
Dos
muchachos se cruzaron la calle entraron en el almacén y la encontraron a Hebe
Díaz (la hija de David Díaz el violinista de Troilo) junto con su novio Titi
Guerra y le preguntaron: - discúlpenme,
con los muchachos queríamos saber si vos sabes (quiero decir , si usted
sabe) cuales son los músicos que van a tocar con el gordo aquí en el Círculo
Friulano.
Hebe , era
un joven discreta, pero decidida, se sorprendió que la hayan hecho la pregunta,
tosió como queriendo tomar aire para entender lo que pasaba, lo miró a Titi y
les dijo: - En el piano viene Carlos Figari, en el contrabajo mi tío Kicho
Díaz; en los violines : mi papá David Díaz, Alberó, Alsina, Nicchele, y en la
viola viene Gianna. En los fueyes viene Pichuco, su hermano Marquito, Mattio,
Garcia y Mariono. Los cantores son Rivero y Calderón.
Juancito
Borra se quedó con la boca abierta y balbuceando unas disculpas les dijo a Titi
y a Hebe: - bueno, muchas gracias, ustedes se la saben todas.
Volvieron a
juntarse con los muchachos y les contaron la formación de la orquesta de
Pichuco.
Las horas
pasaron y terminaron en el bar de Don Pepe; se sentaron a tomar un Cinzano
y Pepe rezongó un poco que eran 4 para
tomar sólo un Cinzano.
SEGUNDA PARTE. LAS HISTORIAS DO GORDO.
L A HISTORIA DE WALTER RIOS
Sentados en
el bar se les acerca el padre de Juancito Borra y les dice: —Los
veo entusiasmados hablando de Troilo, ustedes no conocen la historia del gordo
con Walter Rios? —Los muchachos no dijeron nada.
— Resulta que
el bandoneonista Walter Rios había llegado de Santa Fe hacia unos días con su
mujer, alquilaron una casita por la Paternal y lo primero que hizo cuando tuvo
un tiempo libre fue ver al gordo al cabaret Chantecler en la calle Paraná, 440.
Cuando
terminó la presentación se acercó a Troilo, le contó que era bandoneonista y
Troilo le dice: — "Ahora nos vamos a tomar unos
tragos a la confitería “La Ideal”, vení con nosotros".
Walter Rios
se asombró porque el gordo estaba con unas 25 personas que lo acompañaron hasta
la confitería y tímidamente siguió a la pequeña muchedumbre.
Después de
2 horas, ya a la media noche, Walter Rios se acercó al gordo y le dice: —
Maestro puedo hablar unos minutos? El gordo le dice, claro nene, ahora vamos al
escolaso, querés venir? Ahí vamos a estar más tranquilos.
Salieron de
“La Ideal” y fueron caminando por Diagonal Norte, y cerca de la 9 de julio
subiendo una escalera sospechosa entraron en un salón lleno de billares y de
mesas con hombres jugando barajas.
Todo el
mundo murmuró algo cuando llegó Pichuco con su comitiva que ahora llegaba a unas 35 almas. Se
sentaron en varias mesas, el gordo pidió un Smuggler doblé y comenzó a
conversar con sus amigos sobre caballos, poesía, cantores, mujeres y tango. Se
acercó el flaco Ruano, Pichincho, un jóquey que le traía las fijas para el
domingo y Walter Rios tímido en un rincón esperaba su turno sin querer parecer
ansioso.
A las 3 de
la mañana después de varias partidas de
barajas, el gordo se levantó de la silla y llamó al mozo. Walter Rios
medio dormido tentó ver si tendría una chance, pero apenas se quedó mirando.
Por el
movimiento parecía que los tangueros seguirían zambullidos en la estrellada
noche porteña. Troilo miró para los lados, lo vio a Walter Rios y le dice: —
Vamos hasta un piringundín acá cerca, terminamos la gira y charlamos
tranquilos.
Salieron
todos andando por la calle Viamonte y en un momento entraron en un subsuelo que
tenía un cartelito con luces de neón donde decía “Club 135”. Era una cueva.
Entre la oscuridad, el humo, la música y el perfume barato de mujeres ociosas
el gordo se perdió en las tinieblas.
Salieron a
las 5 de la mañana y en la puerta Walter Rios percibió que estaba amaneciendo.
Lo miró al gordo con una mirada de desesperado y le dijo: —
Maestro, mi mujer me mata, son casi la seis de la mañana!
El gordo
con su generosidad eterna, le echó un vistazo, pensó un minuto y dijo: —
Ya sé! Donde vivís? Y Walter Rios le contestó: —
En la Paternal. El gordo paró un taxi, se despidió de sus amigos y le dijo al
motorista, vamos a la Paternal, pero cuando puedas pará en una panadería que
esté abierta que quiero comprar unas cosas.
El taxista
entró por Rivadavia, paró en una panadería. El gordo se bajó y compró una torta
de chocolate inmensa. El taxi siguió hasta la casa de Walter Rios, y el gordo
le dijo: —Tocá el timbre y dejá conmigo.
Walter Rios
tocó el timbre, abrió la puerta su mujer; Troilo le entregó la torta y al
marido suavizando cualquier percance que pudiese ocurrir por la trasnochada.
El padre de
Juancito borra agregó: —el gordo es así de bueno.
El flaco
Pilín también quiso agregar un recuerdo y dijo: —
yo conozco una historia con Pugliese.
LA HISTORIA
CON PUGLIESE.
Osvaldo
Pugliese era públicamente miembro del partido comunista. Había fundado el
sindicato de los músicos y en su orquesta todos los miembros tenían un
tratamiento democrático e igualitario.
Juan
Domingo Peron perseguía a la izquierda y la policía tenía órdenes de meter en
cana a cualquier persona que fuese anarquista, comunista o que fuese
sindicalizada fuera de los aliados del gobierno.
Cada vez
que lo metían en cana a Pugliese le avisaban a Troilo y este largaba todo, iba
hasta la comisaria y como era una persona pública e influyente mandaba llamar
directamente al comisario.
El gordo le
decía: — Comisario déjelo salir, es un buen
muchacho! Y el comisario lo largaba a Pugliese y lo dejaba en libertad.
El padre de
Juancito Borra se acordó de otra anécdota y dijo, ustedes saben lo que hacia
Zita cuando el gordo no conseguía atender el teléfono porque se había pasado de
copas?
HISTORIA
CON ZITA.
Troilo
conoció a Zita en 1938, en pocos meses se casaron, formaban ese tipo de parejas
que son para toda la vida.
Le decían
la Griega porque efectivamente había nacido en Grecia; era la otra mitad del
gordo. Lo cuidaba, lo amaba y lo acompaño toda su vida.
Bien
humorada y discreta cuando lo llamaban por teléfono a Troilo antes de un
horario en que él podía atender porque había llegado ebrio de madrugada,
respondía con un tono risueño: — Está
cicatrizando!
Todo el bar
se reía pensando en la cara de Zita mirando para el gordo en la cama y teniendo
que inventar una disculpa.
Bueno, dijo
el flaco Ruano, me voy a dormir porque mañana es el gran día y quiero levantarme
temprano que quiero pasar en lo de Tito el peluquero para que me corte el pelo
y me afeite.
EL SHOW Y
EL ENCUETRO INOLVIDABLE.
Finalmente,
llegó el gran día del show. La Marahuana Jazz abrió la noche tocando músicas
ligeras y Troilo arrancó con dos tangazos suyos: “Romance de Barrio” y “María”.
Los
muchachos estábamos entretenidos entre nuestras ropas y el encuentro con las
chicas. La etiqueta permitía apenas bailar tres músicas con una sola persona,
bailar más que eso era considerado una osadía o demostraba un cierto
compromiso.
Aturdidos
por la música, la seducción y la propia apariencia no conseguíamos salir de
nuestra imagen, como narcisos quedamos presos del espejo.
De pronto
la presentación acabó sin darnos cuenta. La orquesta salió del escenario, los
músicos subieron a un ómnibus y un “Os Mobile” blanco esperaba por el gordo en
la esquina del club.
Salimos
tentando aproximarnos de nuestro ídolo acompañándolo por la vereda. La Avenida
Mitre brillaba, estaba iluminada y todos los automóviles eran negros, menos el
del gordo.
Lo
seguíamos de cerca. Iba él, Paquito con el fueye y entre algunos amigos
decidimos encararlo.
Yo no sé de
donde saqué coraje y le dije: — Troilo,
usted puede tocarnos una última música para nosotros?
El gordo
generoso como siempre nos sonrió, le pidió a Paquito el bandoneón , apoyó el
pié en el guarda barro del “Os Mobile” blanco y de sus manos mágicas surgieron
la melodías de “Quejas de bandoneón” y por último de “Inspiración”.
Parecía que
fuese la primera vez que había escuchado música porque en aquel momento se
abrieron canales de percepción que estuvieron tapados por culpa de nuestra
egolatría o por la dificultad de salir de uno mismo.
El Gordo
subió al coche, se fue y yo me quedé con la sensación que aquellas dos músicas
fueron tocadas apenas para inspirar mi corazón y enseñarme algunas pequeñas
cosas que no sabía.